Turismo

Publicado: Sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Asilo Colônia Pirapitingui é tombado pelo Condephaat

Patrimônio é remanescente da rede de tratamento da hanseníase

Crédito: Amanda Caporrino Asilo Colônia Pirapitingui é tombado pelo Condephaat
Asilo Colônia Pirapitingui

O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) decidiu pelo tombamento do Asilo Colônia Santo Ângelo e do Preventório Santa Therezinha do Menino Jesus, ambos na região metropolitana de São Paulo (Mogi das Cruzes e Carapicuíba) e dos Asilos Colônia Pirapitingui (localizado em Itu, região de Sorocaba) e Cocais (de Casa Branca, região de Campinas). A decisão representa a conclusão dos estudos técnicos sobre os remanescentes da rede paulista de profilaxia e tratamento da hanseníase.

Essa rede foi construída com base no modelo hospitalar de isolamento, adotado em vários países do mundo no final do século XIX. Além dos pavilhões de tratamento, os Asilos Colônia foram idealizados para funcionar como “minicidades”. Contavam com espaços e edificações que atendiam às necessidades diárias daqueles que viviam reclusos, desde a assistência religiosa (igrejas e templos de várias religiões) e a promoção do lazer (teatro, cinema, rádio, campos de futebol, quadras, bares), até o acesso a produtos manufaturados em pequenas fábricas instaladas no interior dos complexos.

Atualmente, todos os asilos ainda funcionam como instituições ligadas à área de saúde: hospitais municipais e estaduais, centro de reabilitação para dependentes químicos (Mogi das Cruzes) e para transtornos psiquiátricos (Casa Branca) e tratamento especializado em hanseníase (Itu).

Para Adda Ungaretti e Amanda Caporrino, da Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico da Secretaria da Cultura do Estado (UPPH), esta decisão representa uma ampliação do conceito de bem cultural, que insere o Estado em um debate crítico sobre políticas públicas adotadas no passado e no presente. “Os estudos de tombamento concluíram que remanescentes dessa rede paulista de profilaxia e tratamento da hanseníase são documentos da lógica arquitetônica e territorial de isolamento, praticada pela saúde pública no país e no mundo”, afirma Adda. “Os locais constituem a materialização dos estigmas socioculturais revestidos de bases científicas, imputados a milhares de portadores da doença durante décadas”, completa Amanda.

Comentários