Parque das Monções de Porto Feliz revela histórias e memórias
O Secretário da Cultura de Itu destaca detalhes do local.
Flávia GatiAs históricas monções, expedições fluviais realizadas no século XVIII, servem como base para um ponto turístico conhecido na cidade de Porto Feliz. O Parque das Monções carrega em toda sua extensão cultural a memória de capitães-mor através de monumentos como o Paredão Salitroso de rocha sedimentar, a Gruta Nossa Senhora de Lurdes e o próprio Monumento que leva o nome das expedições fluviais.
Entre várias monções que o local abrigou, a última que se tem notícia foi a de Firmino Ferreira que não teve continuidade devido as cachoeiras e corredeiras. Entre tantas histórias e lembranças, “O Parque das Monções é um dos mais significativos lugares de memória do interior paulista”, assim como declara o atual Secretário da Cultura de Itu, Jonas Souza, quando questionado sobre a importância turística e histórica do local.
Jonas, que também é historiador do Museu Paulista do Estado de São Paulo, diz que “O Parque ilustra bem essa tríplice acepção: é um lugar material, que pode ser visitado, visto e aprendido pelos sentidos; é funcional, porque foi concebido para celebrar a memória coletiva da saga das monções e é um lugar simbólico, onde se revela a memória coletiva de um dos mais fascinantes capítulos da história paulista.”
Além do simbolismo que o local possui, Jonas ainda detalha a formação do Parque, ao longo dos anos. “Cabe ressaltar que o Parque, como hoje se apresenta, não foi formado num momento único. O local do antigo porto das grandes viagens fluviais do século XVIII começou a ser reverenciado no século seguinte, nos primeiros anos da década de 1820. Em 1897, o pintor José Ferraz de Almeida Junior concluiu o famoso quadro Partida da Monção, hoje localizado no Museu Paulista da Universidade de São Paulo - USP (Museu do Ipiranga). Em 1920, o escultor italiano Amedeo Zani executou o monumento dedicado aos bandeirantes e monçoeiros e, nesse mesmo ano, foi concluída e inaugurada a escadaria monumental. Aos poucos, o Parque foi ganhando forma, recebendo equipamentos, se enriquecimento com novos atributos. Há muito tempo, o Parque das Monções está a espera de um projeto museológico e museográfico que possa desvelar esse entrecruzamento entre o respeito ao passado – seja ele real ou imaginário – e o sentimento de pertencimento dos moradores da cidade, entre a história, a memória e a identidade", concluiu o historiador.
Monções
De origem árabe, a palavra monção significa “estação do ano em que se dá determinado fato”. No Brasil, o termo deu nome às grandes expedições fluviais que se realizavam no século XVIII com destino às terras do Oeste, após a descoberta das minas em Cuiabá (MT). Eram organizadas entre os meses de abril e setembro, época considerada mais propícia.
Tipos de Monções: As Reiunas (ou Oficiais) e as Particulares.
Reiunas ou Oficiais – Eram organizadas pelo Governador, com o objetivo de transportar forças militares e autoridades administrativas. A mais célebre foi a do governador Rodrigo Cézar de Menezes. Partiu do porto de Araritaguaba para Cuiabá (MT) em 1726, com 308 canoas e cerca de 3 mil pessoas.
Expedições particulares – De iniciativa privada, objetivavam o comércio com as zonas de mineração. A última Monção particular de que se teve notícia em Porto Feliz foi a de Fermino Ferreira. Seu fim se deu frente à dificuldade das cachoeiras e corredeiras. Com o tempo, passaram-se a utilizar novos caminhos, à medida que o ouro de Cuiabá e Goiás ia-se tornando raro.