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Publicado: Terça-feira, 2 de agosto de 2011

Parque das Monções de Porto Feliz revela histórias e memórias

O Secretário da Cultura de Itu destaca detalhes do local.

Parque das Monções de Porto Feliz revela histórias e memórias
O Parque carrega em sua extensão cultural o Paredão Salitroso de rocha sedimentar

As históricas monções, expedições fluviais realizadas no século XVIII, servem como base para um ponto turístico conhecido na cidade de Porto Feliz. O Parque das Monções carrega em toda sua extensão cultural a memória de capitães-mor através de monumentos como o Paredão Salitroso de rocha sedimentar, a Gruta Nossa Senhora de Lurdes e o próprio Monumento que leva o nome das expedições fluviais.

Entre várias monções que o local abrigou, a última que se tem notícia foi a de Firmino Ferreira que não teve continuidade devido as cachoeiras e corredeiras. Entre tantas histórias e lembranças, “O Parque das Monções é um dos mais significativos lugares de memória do interior paulista”, assim como declara o atual Secretário da Cultura de Itu, Jonas Souza, quando questionado sobre a importância turística e histórica do local.

Jonas, que também é historiador do Museu Paulista do Estado de São Paulo, diz que “O Parque ilustra bem essa tríplice acepção: é um lugar material, que pode ser visitado, visto e aprendido pelos sentidos; é funcional, porque foi concebido para celebrar a memória coletiva da saga das monções e é um lugar simbólico, onde se revela a memória coletiva de um dos mais fascinantes capítulos da história paulista.”

Além do simbolismo que o local possui, Jonas ainda detalha a formação do Parque, ao longo dos anos. “Cabe ressaltar que o Parque, como hoje se apresenta, não foi formado num momento único. O local do antigo porto das grandes viagens fluviais do século XVIII começou a ser reverenciado no século seguinte, nos primeiros anos da década de 1820. Em 1897, o pintor José Ferraz de Almeida Junior concluiu o famoso quadro Partida da Monção, hoje localizado no Museu Paulista da Universidade de São Paulo - USP (Museu do Ipiranga). Em 1920, o escultor italiano Amedeo Zani executou o monumento dedicado aos bandeirantes e monçoeiros e, nesse mesmo ano, foi concluída e inaugurada a escadaria monumental. Aos poucos, o Parque foi ganhando forma, recebendo equipamentos, se enriquecimento com novos atributos. Há muito tempo, o Parque das Monções está a espera de um projeto museológico e museográfico que possa desvelar esse entrecruzamento entre o respeito ao passado – seja ele real ou imaginário – e o sentimento de pertencimento dos moradores da cidade, entre a história, a memória e a identidade", concluiu o historiador.

Monções

De origem árabe, a palavra monção significa “estação do ano em que se dá determinado fato”. No Brasil, o termo deu nome às grandes expedições fluviais que se realizavam no século XVIII com destino às terras do Oeste, após a descoberta das minas em Cuiabá (MT). Eram organizadas entre os meses de abril e setembro, época considerada mais propícia.

Tipos de Monções: As Reiunas (ou Oficiais) e as Particulares.

Reiunas ou Oficiais – Eram organizadas pelo Governador, com o objetivo de transportar forças militares e autoridades administrativas. A mais célebre foi a do governador Rodrigo Cézar de Menezes. Partiu do porto de Araritaguaba para Cuiabá (MT) em 1726, com 308 canoas e cerca de 3 mil pessoas.

Expedições particulares
– De iniciativa privada, objetivavam o comércio com as zonas de mineração. A última Monção particular de que se teve notícia em Porto Feliz foi a de Fermino Ferreira. Seu fim se deu frente à dificuldade das cachoeiras e corredeiras. Com o tempo, passaram-se a utilizar novos caminhos, à medida que o ouro de Cuiabá e Goiás ia-se tornando raro.

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