Opinião

Publicado: Quinta-feira, 27 de março de 2008

Mylton Ottoni opina sobre nossa Estância Turística

Crédito: Deborah Dubner / www.itu.com.br Mylton Ottoni opina sobre nossa Estância Turística
Não incrementar o turismo cultural é, no mínimo, ignorar nosso potencial.
Nós ituanos, vivemos numa comunidade classificada como “Estância Turística”, por força de lei específica para tanto.
 
Cabe uma análise.
 
Como procedem outras cidades também classificadas como Estância Turística?
Simplesmente exploram o que de mais atraente possuem, assim como: um clima privilegiado, água diferenciada, relevo próprio para esportes radicais, etc, etc.
E todas faturam o dinheiro mais limpo possível, com o turismo.
 
E Itu?
O que faz nossa Estância Turística?
É aí que reside o contraditório: faz exatamente o contrário do que deveria ser feito. Não explora seu acervo, seu rico acervo em arte religiosa pelas belas e ricas igrejas, que é na realidade o que resta do enorme patrimônio arquitetônico que possuímos e nem o que temos de muito bom em produção musical.
 
Neste aspecto o tratamento dado aos raros turistas é o pior possível. Nos finais de semana igrejas fechadas, trânsito caótico, ruas do chamado eixo histórico sujas, esburacadas, orientação turística deficiente, e resumindo, apresentando tudo aquilo que o turista diferenciado não gosta.
 
Outro aspecto a ser analisado é o da vertente musical dentro do turismo cultural. Temos em Itu um coral maravilhoso, uma banda (A União) excelente, um Museu da Música que atesta a tradição musical de Itu.
 
E o que acontece?
Apenas um esforço enorme dessas entidades para manter viva nossa tradição musical. E essas quando acontecem são prestigiadas por um número insignificante de ituanos. Os turistas em potencial, das cidades vizinhas e principalmente da capital não são informados. Não há divulgação. Aliás, nem mesmo os “turistas” dos nossos Condomínios fechados prestigiam.
 
Estas colocações não são gratuitas e não contém intenção política nenhuma. Estão, isto sim, calcadas em observações que fizemos em viagens as cidades turísticas, como Diamantina e Conservatória, por exemplo, que apesar de mais distantes de São Paulo e até menores que Itu, exploram com rara inteligência seus potenciais turísticos. Diamantina exibe seu rico casario bem conservado, e aos sábados, todos os sábados, um maravilhoso concerto público chamado de Vesperata.
 
Já Conservatória promove um turismo de fim de semana, tendo como atrativo maior a exibição de seus vários conjuntos musicais que cultivam o Chorinho. Nestes casos os turistas podem planejar suas viagens a esses locais, pois existe um planejamento, um programa e ele, turista, sabe que não vai perder seu final de semana.
 
Quer comprovar?
Tente marcar um hotel num final de semana qualquer e verá a necessidade de aguardar no mínimo 30 dias para Conservatória e 60 dias para Diamantina. Tudo isso, simplesmente porque desenvolveram um programa turístico.
 
E nós ituanos o que fazemos?
NADA.
 
Nem o poder público, nem o segmento empresarial interessado diretamente no turismo. E vejam que o que temos a fazer é muito pouco para precipitar um sucesso e o conseqüente lucro com o turismo.
 
Basta que o poder público seja avisado que somos uma “Estância Turística”, e que usem adequadamente as verbas que os governos centrais disponibilizam, verbas estas (não tão atraentes) e acione suas secretarias de Turismo e Cultura para que, em conjunto desenvolvam um programa adequado, o que, certamente com o tempo, sensibilizará o empresariado interessado neste segmento.
 
Convenhamos, para uma “Estância Turística” com nossa característica, não incrementar o turismo cultural é, no mínimo, ignorar nosso potencial. Resta saber se isso acontece por incompetência ou por falta de vontade de trabalhar.

Mylton Ottoni é proprietário da Editora Ottoni. O editor tem sido responsável pelo resgate da cultura popular da região, pela reedição de obras esquecidas e pela publicação de biografias de personagens ilustres da história.
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