Opinião

Publicado: Quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Entenda o projeto Conversando com as Águas em Itu

Por Carlos Diego.

Crédito: Arquivo pessoal Entenda o projeto Conversando com as Águas em Itu
"Os testes do projeto tinham finalidades educacionais e de pesquisa (...)"

Durante os últimos dias nossas atividades de comunicação foram focadas em diálogos via imprensa com as autoridades ituanas responsáveis pelas águas da cidade.

Tudo foi motivado por um resultado preliminar de estudos realizados pela ONG Caminho das Águas e CEUNSP visando o desenvolvimento de um kit de análise de águas de baixo custo conforme os leitores do 13300 estão acompanhando há algum tempo. Afirmar que a água está contaminada não é uma decisão qualquer, requer responsabilidade e deve ter seus fundamentos.

O principal deles é que as amostras para as comparações laboratoriais entre os métodos tradicionais e o kit alternativo atestam a presença de Escherichia coli em todos os pontos coletados. De acordo com a Portaria 2914/11 em seu CAPÍTULO V, Art. 27 e Anexo I, deve haver ausência total de E. coli (indicador de contaminação fecal) para água potável. O mal entendido em toda a campanha para tratamento da água foi esta matéria não-correta veiculada pela TV Tem (veja aqui)

A matéria induz o telespectador a acreditar que a ONG acusa que a água distribuída pelos orgãos competentes está contaminada, o que não é bem verdade. Os testes do projeto tinham finalidades educacionais e de pesquisa e atestam que a água captada pelas pessoas estava contaminada, no dia 29 de outubro. O método de coleta científico é o mesmo para ambientes de pesquisa e laudos, mas ONGs e Faculdades não podem produzir laudos e somente pesquisar. A diferença é do ponto de vista, do paradigma de quem coleta, a variação do ponto escolhido, o que não inibe as responsabilidades cabíveis por quem fornece o bem comum nem cria culpados para um problema sistêmico.

O objetivo do projeto é o desenvolvimento de um Kit Alternativo de emergência e baixo custo para que pessoas comuns possam fazer o seu monitoramento da água, daquela que consome, aprimorando assim a qualidade do bem comum após sua entrega pública.

Dias após esta matéria e muito vuco-vuco em links da internet, a concessionária emitiu uma nota contestando as pesquisas realizadas pela "ong" e pela "faculdade". Mas contestaram uma coisa e é outra. A ONG foi avisada pelos jornalistas da Folha de São Paulo e na mesma noite também emitiu uma nota esclarecendo suas atividades. Interessado na NOTA PÚBLICA 01/2014? Ver este link aqui.

Ao fim e ao cabo este é um pequeno exemplo de como se dá o diálogo "tripartite" na gestão das águas em Itu: mediado pela imprensa. A mediação se encerrou na sexta-feira com um telefonema da Águas de Itu para a ONG Caminho das Águas. Se, e somente se a grande mídia apoiar, haverá alguma interação, parece...

Um destaque importante é para a existência de matérias um pouco mais íntegras como as da TV Brasil (contando que nem entraram em contato com a gente) e todo o apoio na comunidade impressa ituana oferecido pelo Jornal Periscópio, o primeiro a divulgar tudo junto com o Itu.com.br. O portal Itunotícias perdeu a chance de entrar em contato com os responsáveis pela pesquisa e publicou um texto indigno de palavras além destas.

O melhor resumo da ópera é a entrevista para a rádio CBN na quarta-feira dia 12/11/2014. Neste mundo sim muita liberdade para falar sobre o projeto, sem cortes. Muito diferente das horas dedicadas às redes de TV que picotam em 5 segundos gerando uma frase tendenciosa. É naturalmente social também que o diálogo via mídias broadcast não apresenta nenhuma virtude, nada novo por aqui.

Fica o aprendizado e 1 viva para as rádios! \o/

Carlos Diego de Souza Rodrigues é diretor da Ong Caminho das Águas.

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