Cotidiano

Publicado: Terça-feira, 1 de novembro de 2011

Um jornal do povo

Periódico conta a história da Paróquia São Judas Tadeu.

Crédito: Jéssica Ferrari / Itu.com.br Um jornal do povo
Tadeu Italiani é o jornalista responsável pela edição do jornal e faz parte de sua história há anos

Por Jéssica Ferrari

Um periódico simples, de apenas quatro páginas, relatado em preto e branco, impresso em papel jornal, que continha somente mensagens religiosas, avisos e lembretes de aniversários. Assim eram as primeiras edições do Jornal “O Povo de Deus”, um trabalho voltado para a comunidade da paróquia ituana São Judas Tadeu. Criado pelo pároco da época, padre Geraldo da Cruz B. Almeida e pela senhora Cecília Abiazar, o jornal possuía o nome “Nossa Missão Evangelizar” e tratava de assuntos locais do cotidiano das igrejas, abrangendo as comunidades de Santa Clara, Nossa Senhora Auxiliadora, Nossa Senhora Aparecida, São Luiz, Santa Maria, Nossa Senhora do Rosário, Santa Marta, Bom Jesus do Pinheirinho, Imaculado Coração de Maria e a matriz de São Judas Tadeu.

Há doze anos contando histórias, o periódico mudou de nome, passou por diversas reformulações e hoje em dia é entregue aos mesmos paroquianos no primeiro final de semana de cada mês, possuindo características mais jornalísticas, contando agora também com a cobertura de eventos realizados pela comunidade, diferentes tipos de avisos, expediente paroquial e a programação dos meses. São 2.000 exemplares de tiragem, com oito páginas cada, sendo a primeira e a oitava coloridas, entregues em mãos no final das missas do sábado e domingo.

Construído por várias mãos

A montagem do jornal, como em qualquer outro, exige dedicação e muito trabalho. Por possuir o objetivo de informar uma comunidade, o “Povo de Deus” recebe ajuda de diversas pessoas, que juntas prestam serviço a toda uma grande família. “Penso que o jornal é um periódico que atende aos anseios dos paroquianos, pois através dele a vida da paróquia é retratada e documentada”, comenta o jornalista responsável, Tadeu Eduardo Italiani.

Para que as informações de todas as igrejas sejam publicadas, cada comunidade possui um representante da Pastoral da Comunicação (Pascom), que se encarrega de enviar conteúdos para o jornalista responsável. “Assim, vou me agendando para conseguir ir fotografar os eventos”, explica Italiani. Apesar de ser essencial, nem sempre foi assim que o jornal começava a criar forma. Segundo o profissional, foi preciso ao longo dos anos criar nos paroquianos e nas comunidades a cultura de enviar as informações. “Hoje isso está superado, mas ainda passam algumas coisas despercebidas”, comenta.

Após receber todos os dados, o profissional diagrama, escolhe suas fotos, escreve textos e edita o jornal em sua própria casa. Preparado, o periódico passa por uma correção feita pela revisora Vanda Mazurchi e depois segue para a gráfica. Impressa, a edição é entregue na paróquia. “As demais pessoas que contribuem na criação, deixam textos e fotos prontos na secretaria ou enviam diretamente no meu e-mail”, conta Italiani.

O trabalho também recebe atenção do pároco atual, padre Francisco Carlos, que na maioria das vezes contribui com o repasse de dados e a escolha das informações. O jornal “Povo de Deus” tem uma importância muito grande na vida da paróquia, pois tudo o que é feito e realizado em nossas comunidades têm como objetivo a evangelização. Sabemos que não existe evangelização sem comunicação. É uma forma de propagarmos os eventos, convidarmos pessoas para participarem da vida da igreja e divulgarmos os avisos e comunicados”, afirma o padre.

O jornal tem distribuição gratuita. Suas páginas são rodadas na gráfica de outro jornal, o “Periscópio”. Para custear esse gasto o periódico conta com muitos espaços para patrocínio. “O jornal não tem lucro. Toda renda é revertida unicamente para cobrir as despesas. Quanto mais patrocinadores entra, diminui o subsidio da paróquia. Estamos caminhando para que o jornal seja 100% pago pelos patrocinadores”, conta Italiani.

As mudanças

Até chegar a sua versão atual, o jornal comunitário recebeu a ajuda de várias pessoas, que deram um toque diferente e ajudaram a aprimorar a sua forma de comunicação. “Estou envolvido com a elaboração do jornal desde 2005. Como publicitário e jornalista por formação, tenho a comunicação correndo em minhas veias. Logo sempre quis ajudar a melhorar o que já existia. Assim, fui me aproximando do jornal até que consegui ser o editor”, relembra Italiani. Hoje, o profissional acumula carinho e funções, que julga como prazerosas.

A história de dedicação teve início quando o padre João Batista dos Santos, em 2005, convidou o jovem para fazer uma reformulação no periódico. Para ajudar no conteúdo, Italiani chamou o amigo e também jornalista, Salathiel de Souza. “Na época eu estava atarefado com outros trabalhos, então fiquei só dando um apoio. Quem fazia todo o trabalho era mesmo o Salathiel”, afirma.

Nessa época, os dois amigos decidiram mudar o nome do jornal de “Nossa Missão Evangelizar” para algo mais curto, daí surgiu “Povo de Deus”. “Foi um trabalho muito prazeroso junto ao padre João e das secretárias paroquiais. A paróquia São Judas Tadeu tem muitas comunidades, então era bom reunir as principais atividades em um informativo, sem contar o fato de poder observar a satisfação das pessoas em verem suas atividades publicadas ali no papel”, conta Salathiel.

No início de 2009, houve outra alteração de pároco, onde assumiu o padre Francisco Carlos, que até hoje é responsável pela paróquia. Ele também pediu uma alteração do jornal, a começar do tipo de papel. Como o jornalista Salathiel viajou para Santa Catarina nesse período, Italiani assumiu definitivamente o jornal. Em sua primeira experiência com o jornalismo comunitário, ele parece ter encontrado a satisfação de sua profissão. “Ao desenvolver o “Povo de Deus”, tive a oportunidade dada pelos padres e pela igreja de desenvolver meu trabalho de uma maneira menos mercantil”, conta.

As pedras do caminho

Desde seu início, a maior dificuldade do “Povo de Deus” era financeira. Na época, a paróquia estava reformando a igreja matriz, o que tomava grande parte do dízimo. Como não realiza quermesses, a paróquia São Judas Tadeu vive somente da experiência dessa arrecadação. Por essa razão, foi preciso sair a campo para levantar patrocinadores para custear o periódico. “A senhora Fátima Abiazar iniciou o trabalho sozinha, ela saiu as ruas e conseguiu patrocinadores”, conta Italiani.

Segundo o jornalista responsável, essa dificuldade existe até hoje, apesar da paróquia subsidiar uma parte do jornal, grande parcela vêm dos anunciantes. “Nossa meta é editar o “Povo de Deus” totalmente colorido, mas ainda é um passo grande. Já avançamos bastante, passamos de papel jornal para papel sulfite e do A4 em que era impresso, para o tablóide”, explica.

Para Italiani, a prova de que todo esse trabalho gera frutos e alcança seu objetivo é a aceitação da comunidade. “Quando há encontros e retiros na paróquia, todos ficam aguardando o jornal sair para ver e ler o que foi escrito”, finaliza.

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