Bem estar

Publicado: Quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Fortalecendo um equívoco: o uso de anabolizantes

O número de jovens que usam esteroides triplicou.

Crédito: Guilherme Martins / www.itu.com.br Fortalecendo um equívoco: o uso de anabolizantes
Cristiano Roberto é vice-campeão paulista de kick-boxer e treina diariamente
Por Guilherme Martins

A cultura da forma perfeita, dos corpos torneados e músculos definidos viraram uma obsessão para os jovens. Porém, o único problema é que alguns deles não estão dispostos a conquistar o corpo perfeito da maneira correta – através dos exercícios – e acaba aderindo a um método mais fácil, rápido, além de altamente perigoso e prejudicial à saúde: o uso de esteroides.
Os esteroides são derivados sintéticos da Testosterona. A Testosterona é responsável pelo normal crescimento e desenvolvimento dos órgãos sexuais do homem, bem como pela manutenção das características secundárias, como a voz, alterações na musculatura e na distribuição de gordura no corpo.
Um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) indicou que o número de jovens que usam anabolizantes vêm crescendo nos últimos anos, chegando até a triplicar em relação a 2001, quando o número de usuários era de 540 mil. Hoje são cerca de 1,2 milhão.
Uma outra pesquisa divulgada pelo Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo atestou que o uso destas drogas pode até estimular a agressividade.
O problema em Itu
Itu já foi considerada a capital nacional dos esteroides. “Muitas pessoas vêm de fora da cidade para comprar anabolizantes de pacote aqui em Itu e revender para fora”, afirma o instrutor de musculação Bruno Renato Rosalem, que atualmente dá aulas na academia Alfa Fitness.
Entre as bombas vendidas, destacam-se a Winstrol e a Dianabol, que “trabalham” com o fígado, aumentando o risco de câncer, hepatite e outras doenças graves; e a Durateston, Testogam, Testosterona e Primobolam que “agem” na próstata.
Fraca Promessa
A principal promessa dos anabolizantes é deixar o usuário com o corpo definido exigindo pouco esforço. “Os jovens são muito ansiosos e querem o resultado logo de cara”, conta Rosalem. De acordo com o professor, é muito fácil identificar o usuário dessas drogas, já que elas costumam ”inchar o corpo“.
Rosalem explica que alguns jovens buscam uma confirmação social e se destacar do grupo. “Falta preparo psicológico, informação, controle e acompanhamento. A gente sempre indica o caminho certo, mas não tem como controlar”, lamenta.
O vice-campeão paulista de kick-boxer, Cristiano Roberto, de 35 anos, diz que aconselha muitos jovens a não seguirem esse caminho, mas suas dicas nem sempre são ouvidas. “Esses jovens querem antecipar o desenvolvimento natural e não pensam nas consequências, vão contra as orientações em busca do corpo perfeito”.

O estudante Elton Bovani, de 17 anos, não recomenda o uso de esteroides. “Essas coisas estragam o corpo e infelizmente eu conheço muitos colegas que usam”.
Força natural
A maioria dos jovens adere aos anabolizantes por não conseguir massa corporal somente com os exercícios e em pouco tempo. Porém isso também pode estar associado ao organismo de cada um.
A nutricionista doutora Roberta Cassani afirma que a construção de massa muscular pelo organismo é algo trabalhoso. O primeiro ponto a ser checado é se a dieta habitual do individuo está equilibrada, em termos de ingestão qualitativa e quantitativa de nutrientes. “Caso ela [a dieta] esteja equilibrada, deve ser verificado por quanto tempo o individuo já desempenha os exercícios físicos, e exatamente qual o tipo de atividade”, explica.
E finaliza. “Um profissional adequado deve ser procurado, para que um plano alimentar seja traçado, em cima das necessidades de cada um”.
Portanto, antes de decidir qual caminho seguir, pense bem e reflita bastante se é apenas o seu corpo que precisa ser exercitado.
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