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Sexta-feira, 26 de julho de 2013

Papa na Via Sacra: o que fazer com nossas cruzes?

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Dos nossos sofrimentos pode surgir a transformação.

SALATHIEL DE SOUZA, DO RIO DE JANEIRO

As pessoas presentes na praia de Copacabana na tarde de hoje puderam experimentar novamente aquela emoção que se tornou rotineira nessa semana de JMJ. Tanto é verdade que a grande mídia já nem destaca mais essa faceta do grande evento. Na busca pelo “diferente”, qualquer um que levante um cartaz de protesto escrito a canetinha ganha atenção.

Mais importante do que qualquer coisa é o simbolismo desta Via Sacra realizada em plena Avenida Atlântica. Essa forma de oração, mais que tradicional na Igreja Católica, sempre fala a cada um de um modo particular. Deixando de lado a participação de “artistas” e celebridades na cerimônia, jamais saberemos o que ela significou para a vida de cada jovem peregrino e que meditações deixou nos 1,5 milhão de corações ali presentes.

Na também chamada Via Crucis, a figura principal é Jesus Cristo. A figura coadjuvante é a cruz. De fato, por mais que alguns tentem acabar com tal pensamento, a verdade é que: não há Jesus sem cruz e nem há cruz sem Jesus. Tal celebração nos faz meditar o grande mistério do sofrimento na vida dos seres humanos, sentimento do qual ninguém (mas ninguém mesmo) está livre.

“Ninguém pode tocar a cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da cruz de Jesus para a sua própria vida”, disse o Papa Francisco. O que ele quis dizer, afinal? Que todas as pessoas que passam por um tipo de sofrimento sentem na pele um pouco dos medos e martírios sofridos pelo Jovem de Nazaré neste que foi o momento mais difícil de sua existência entre nós.

Assim, ao experimentarmos o sofrimento em nossa vida, estamos tocando a cruz de Jesus. Por outro lado, também deixamos na cruz de Jesus um pouco de nós, da nossa essência, das nossas experiências. E de que vale tudo isto? Então o sofrimento existe apenas pelo sofrer? Ou podemos tirar dele algo de bom?

Os jovens de hoje, em todo o mundo, carregam nos ombros o peso de uma enorme cruz: a praga das drogas; a dor da violência; a falta de diálogo e de oportunidades; a chantagem cínica do culto ao corpo; a valorização exagerada dos bens materiais; a ilusão do poder e do sucesso para uma vida feliz. Na busca dessas e de outras coisas, muitos sofrem e muitos se perdem.

Os cristãos acreditam num homem que foi crucificado, que venceu seus medos e que alcançou a ressurreição por acreditar nas promessas de Deus. Acreditemos também! Disse o Santo Padre: “Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos a salvação e a redenção. Com ele o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele (Cristo) nos dá a esperança e a vida: transforma a cruz, de instrumento de ódio, de derrota e de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida”.

Eis o que muitos precisam ouvir. Nossos sofrimentos, não serão em vão. Podemos transformar nossas cruzes pessoais em algo de bom, trabalhando como cidadãos conscientes e cristãos ativos na construção de um mundo com mais solidariedade, justiça e paz.