Semana das Monções: a História é viva em Porto Feliz

Publicado: Domingo, 9 de outubro de 2011 por Deborah Dubner

Barros Freire traça um amplo panorama histórico da data.

Domitila Gonzalez
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'A Semana das Monções é um Patrimônio Cultural Imaterial, que pertence aos porto-felicenses e certamente é seu "DNA" cultural'

Por José Antônio Barros Freire*

“Os portugueses descobriram o Brasil duas vezes:
a primeira pelo mar, com os marujos e caravelas,
e a segunda a partir de Porto Feliz, navegando pelo rio Tietê,
com pilotos, proeiros e remadores dos batelões."

A Semana das Monções, realizada para comemorar o aniversário de Porto Feliz, em outubro, é o único evento no estado de São Paulo que revela a expansão das fronteiras no Brasil Colônia. Sublime homenagem ao heroísmo de homens, mulheres e crianças nas expedições pelo Rio Tiete nos séculos XVII e XVIII.

A Semana das Monções “é um Patrimônio Cultural Imaterial”, que pertence aos porto-felicenses e certamente é seu “DNA” cultural. É inesquecível a encenação teatral a céu aberto, sob a luz das estrelas, é apresentada no Porto de onde partiam as expedições para Cuiabá no século XVIII. Permite aos brasileiros conhecer nossa história em um espetáculo fascinante às margens do Rio Tiete, em pleno Parque das Monções.

Este ano, o roteiro de Tania Lima Barreiro Causim apresenta 60 atores com direção de elenco de Rosana Moraes, direção geral de Claudimir Causim e participação especial de Emilio Fontana Filho.

Emociona sentir a participação do povo no desfile histórico pelas ruas da comunidade porto-felicense, reflexos em cada sorriso, em cada olhar. Reflexos do viver bem e feliz, proporcionados pela visão de alguns dos mais importantes educadores do Brasil, e pelas atuais políticas públicas direcionadas à excelência da qualidade de vida oferecida pelas Secretarias de Saúde, Educação e Desenvolvimento Sustentável, para os saberes e o bem viver, no aqui e agora das crianças, mulheres e homens de Porto Feliz.

Um povoamento que há 214 anos era conhecido por índios e sertanistas como “Araritaguaba”.

Textos, imagens e sons recriam a História

Em 1894 a Gazeta de Piracicaba publicou um artigo sobre as Monções, assinado pelo ilustre portofelicense, médico, educador e republicano histórico, Dr. Cesário Motta Junior. Ele revelou a desconhecida epopéia das Monções para o país! Em seguida, o mesmo artigo é publicado na edição comemorativa do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, e o Dr. Cesário Motta encomenda para Almeida Junior a tela “Partida da Monção”. Um fato marcante que os intelectuais paulistas utilizaram para posicionar a história e a participação do estado de São Paulo no cenário cultural do país.

“A História em Porto Feliz é sagrada herança dos nossos antepassados. Legado inalienável do Patrimônio Cultural para todas as gerações”.

As expedições que partiram do Porto de Araritaguaba em rústicos batelões de canela rosa inspiraram a partir do séc.XX – valiosa contribuição na produção de inúmeros livros, teses e dissertações em universidades, matérias, reportagens, filmes e DVDs sobre a História da conquista do oeste brasileiro através do rio Tiete: Valderez Antônio Bergamo Silva, Sonia Leni Chamon Pardim, Mylton Ottoni,
Oséas Sight Junior Paula Giovana Frias são algumas das inúmeras personalidades marcando a história com seu talento e trabalho, revelando a importância e significado do movimento Monçoeiro na História do Brasil.

“Diário de Navegação” de Teotônio José Juzarte, de 1769, mostra como se viajava pelos rios Tietê e Paraná nos séculos XVIII e XIX, e também mapeia o rio, além de trazer relatos do cotidiano de uma Monção.

Organizado por Jonas Soares de Souza e Mioko Makino, o livro, impressiona pelos detalhes registrados da viagem até Cuiabá com 36 batelões transportando 800 pessoas. Nesta época, a alimentação principal dos Monçoeiros já era o feijão, toucinho e a farinha. Hoje, conhecido em todo Brasil como o “Virado à Paulista”, está em fase de registro no Condephaat como Patrimonio Imaterial do estado de São Paulo.

Anna Maria Kieffer, musicóloga e pesquisadora, criou a trilha sonora especialmente para o audiovisual da exposição, Cartografia de uma história –São Paulo colonial: mapas e relatos, apresentado em 2009 no Museu Paulista - USP. Um DVD com as músicas e cantigas da época, inspiradas nas descrições de viagem de Teotonio Juzarte acompanha a publicação Anais do Museu Paulista -História e Cultura Material-volume 17. O trabalho de Anna Maria e equipe é precioso e inesqueçível!

A Cidade e o Rio – livro com textos e documentos sobre a história de Porto Feliz também organizado pelo notável Historiador e Museólogo Jonas Soares de Souza, é fundamental !

Sérgio Buarque de Holanda, crítico literário, jornalista, e um dos mais importantes historiadores brasileiros do século XX, escreveu Monções, Caminhos e Fronteiras e Raízes do Brasil. Foi aluno do Prof. Afonso Taunay e o substituiu na direção do Museu Paulista, em 1946. Em Porto Feliz idealizou o Museu Pedagógico das Monções e criou a Semana das Monções. Prof. Sérgio Buarque... Somos eternamente agradecidos!

Expedição Langsdorf

A Expedição Langsdorf saiu de Porto Feliz em 22 de junho de 1826 com patrocínio do Governo Russo, do Czar Alexandre I, e apoio do médico em Porto Feliz, Dr. Francisco Alvares Machado. Sob o comando do Barão de Langsdorf navegou até o Amazonas. A bordo, dois jovens franceses registraram em desenhos e gravuras a fantástica viagem: Adrien Taunay faleceu na travessia de um rio em Mato Grosso e Hércule Florence, casado com uma portofelicense, ficou definitivamente em Campinas onde fundou o primeiro jornal do interior de São Paulo “O Paulista”.

O precioso material coletado durante expedição, por artistas, botânicos, naturalistas e cientistas, foi descoberto 100 anos depois em caixas fechadas no Jardim Botânico de São Petersburgo.
Em 2010 o Banco do Brasil patrocinou um vídeo incrível e uma Exposição itinerante sobre a Expedição Langsdorf. (aplausos!!)

Monumento aos Bandeirantes

O iluminado engenheiro e professor Afonso de Taunay levou para o Museu Paulista a tela Partida das Monções no princípio do séc. XX. Em 2007, o Prof. Paulo César Garcez Marins apresenta neste mesmo museu a exposição “Imagens Recriam a História”, com um acervo de telas do séc. XIX e XX, demonstrando como foram retratados os Bandeirantes na História. O centro das atenções e a grande

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