Economia & Negócios

Publicado: Sexta-feira, 31 de julho de 2015

Atividade industrial paulista cai 3,4% no segundo trimestre

Dados são de pesquisa da Fiesp e Ciesp.

Houve queda de 3,4% na atividade industrial paulista na passagem do primeiro trimestre de 2015 para o segundo, de acordo com o Indicador do Nível de Atividade (INA) da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp e Ciesp), divulgado no dia 30 de julho.

Entre maio e junho, o nível de atividade caiu 1,3%, e na comparação com junho de 2014, o recuo foi de 2,9%. No período de janeiro a junho de 2015, o INA mostra retração de 3,3% em relação ao primeiro semestre de 2014.

A queda na atividade foi praticamente generalizada, atingindo 14 dos 20 setores acompanhados.

O cenário para a indústria de transformação continuará desafiador no segundo semestre. O expressivo aumento dos custos, na esteira da elevação da tarifa de energia elétrica e de tributos, o aperto da política monetária, a elevada incerteza no cenário econômico e o processo de enfraquecimento do mercado de trabalho apontam para a manutenção da fraqueza da indústria nos próximos meses.

“O mais dramático é que ao se olhar nos vários campos – na estrutura econômica, política, jurídica – o que nos aguarda no futuro, percebe-se que vai piorar”, diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp e do Ciesp, ao comentar a tendência a estimativas pessimistas dos empresários nos diversos itens pesquisados.

“É um ano terrível”, afirma Francini. “2015 vai ser o pior ano dos últimos anos da economia brasileira”, diz. “A queda prevista é em torno de 2% para o PIB. A indústria de transformação, depois de ter caído 6% no ano passado, cai mais 5%.” Francini comentou também a falta de perspectiva para o ano que vem. “Em 2016, vem aí a recuperação pretendida, esperada, ansiada? Não temos a resposta ainda. Se 2016 vai continuar caindo, isso só o tempo vai responder.”

Setores

O setor de móveis, já descontadas as influências sazonais, registrou queda de 5,1% na passagem de maio para junho. O indicador do Total de Vendas Reais teve contração de 9,6% na passagem mensal.

O resfriamento do mercado de trabalho é em grande medida responsável pelas perdas no setor moveleiro. O aumento do nível de desemprego afeta negativamente a massa salarial do trabalhador, contribuindo para a redução do consumo de bens duráveis.

Na metalurgia, a queda foi de 0,3% na passagem de maio para junho. Segundo o Instituto Brasileiro de Siderurgia, a produção total de aço bruto, laminados e ferro-gusa apresentou retração de 0,8% em junho, na comparação com o mês imediatamente anterior, após ajuste sazonal. Apesar da alta de 7,6% no Total de Vendas Reais do setor, o recuo do nível de atividade em junho reflete o baixo dinamismo da indústria de transformação, porque o setor de metalurgia fornece insumos para várias cadeias produtivas.

O setor farmacêutico paulista mostrou bom desempenho no sexto mês do ano, com elevação de 2,0% da atividade e crescimento de 5,2% no Total de Vendas Reais, mas as perspectivas para este ano não são boas, devido à constante queda da renda da população. De janeiro a junho deste ano, o INA do setor já acumula queda de 11,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

Sensor em julho

A percepção do setor produtivo em relação à atividade industrial, indicada pela pesquisa Sensor, mostrou discreta melhora em julho (47,6 pontos, contra 46,8 pontos em junho). Apesar da alta do indicador, ele continuou abaixo dos 50,0 pontos, sinalizando queda da atividade industrial para o mês.

O indicador das condições de mercado chegou a 48,3 pontos em julho, contra 47,5 em junho. Abaixo dos 50,0 pontos, sinaliza arrefecimento nas condições de mercado. Houve resultado negativo no indicador de vendas, que caiu de 50,7 pontos em junho para 48,6 em julho. Por estar abaixo do patamar de 50,0 pontos, o indicador aponta queda das vendas no mês em evidência.

Ficou praticamente estável o indicador de emprego (de 48,3 em junho para 48,5 em julho). O patamar do índice (abaixo dos 50,0 pontos) indica expectativa de demissões para o mês.

O nível de estoque avançou de 41,8 para 48,0 pontos, ainda em situação de sobrestoque, representada por leituras inferiores a 50,0 pontos.

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