Cultura

Publicado: Quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

E com vocês, os palhaços Juliano Mazurchi e Christian Hilário

Entrevista com a dupla do Nósmesmos Produções Artísticas.

Crédito: Carolina Padreca E com vocês, os palhaços Juliano Mazurchi e Christian Hilário
O clown mexe com as pessoas de forma diferente dos outros espetáculos.

Por Deborah Dubner

“O clown trabalha o riso de uma forma mais orgânica, sentida, vivida...ele não tem medo de ser ridículo." (Juliano Mazurchi e Christian Hilário)

Esta entrevista é parte integrante da matéria que celebra o Dia do Palhaço.

Pensando na trajetória de vocês, o que motiva/motivou a escolha do caminho clown?

No ano de 2000, estava iniciando minha carreira no teatro, quando ouvi falar sobre “clown”. Descobri que nada mais era que “palhaço” (rsrs). Aí fui buscar tudo que era referente a ele. Participei de um encontro de clowns chamado “Dois milnutos de graça” em Jaguariúna. Depois disso fiquei “apaixonado” pela figura do palhaço.  O que mais me motivou trilhar o caminho do clown foi ter descoberto que o clown trabalha o riso de uma forma mais orgânica, sentida, vivida. Talvez seja também pela busca de encontrar o “seu clown” e não ter medo de ser ridículo.

Como vocês vêem o público de Itu em relação à aceitação e interesse por esse tipo de humor? 

Desde que iniciamos o “Espetáculo quase Artístico” em 2004, tivemos um público médio de 100 pessoas por apresentação. Temos a nítida noção de que esse tipo de humor não é como o do “Clube do Improviso” ou “Por que os homens mentem?” Não chama atenção do grande público. É um tipo de espetáculo que precisamos olhar nos olhos do espectador, trocar uma energia que só é possível com uma platéia menor, num espaço menor. Mas o público de Itu sempre nos prestigiou e nos deu um retorno positivo. Me recordo de uma vez, após o espetáculo, uma senhora com o filho pequeno chegou perto da gente e olhando fixamente no disse: “Muito obrigado! Eu e meu filho adoramos”. Senti tanta sinceridade nela que fiquei emocionado, e prometi pra mim mesmo que sempre iria continuar apresentando esse espetáculo, porque o clown mexe com as pessoas de forma diferente dos outros espetáculos.

Contem uma cena inesquecível de alguma atuação como clown

Lembro de várias situações de quando apresentávamos na “Casa do Barão”: uma vez no meio do espetáculo uma libélula entrou no espaço e ficou voando sobre o palco no meio do espetáculo e fiquei maluco tentando tirá-la de cena. Dava voltas, saltos, mantive uma relação com ela, foi show de bola. Outra vez quando o Dr. Safi (nosso amigo) foi nos assistir e no meio do espetáculo teve uma crise de espirro. Ele espirrava e eu parava o que tava fazendo. Quanto mais ele espirrava mais eu gostava, porque isso dava motivo para estabelecer uma relação com o espectador que o clown não pode deixar despercebido. Isso nunca mais se repetiu, foi uma noite única.

Quais os maiores desafios?

O maior desafio é continuar fazendo as pessoas rirem. Mesmo em épocas de tristezas, guerras, doenças, tragédias, corrupção, pobreza... Talvez esse desafio seja o maior motivo para que o palhaço ainda exista.

Se o seu palhaço fosse dar um recado para as crianças, qual seria?

Rsrs... Acho que seria mais ou menos assim: “Olha, um dia você será um adulto. Mas tome muito cuidado porque ele irá roubar a sua ingenuidade. Então, faça o seguinte, esconda um pouco dela num lugar bem seguro, para que ele não a leve toda embora.”

E para os adultos?

Seria mais ou menos assim: “Ei grandão! Cara de fubeca! Pensa que eu não sei que no fundo, no fundo tem um moleque brincalhão ai dentro? Deixa ele brincar aqui fora de vez em quando.”

Juliano Mazurchi e Christian Hilário criaram a Nósmesmos Produções Artísticas em 2003, que é sediada em Itu e conta com um repertório de 6 espetáculos, sendo um deles voltado especificamente para o mundo Clown (Palhaço, em inglês). Trata-se do “Espetáculo quase Artístico”, que utiliza improvisações e interações com a platéia e trabalha com os dois tipos clássicos de clowns: o clown branco (o autoritário) e o clown augusto (o ingênuo). Ao todo as peças da Nósmesmos já foram assistidas por mais de 100.000 pessoas em todo o Brasil, em teatros e eventos corporativos (empresas). Christian e Juliano agradecem a inspiração de alguns mestres que influenciaram o seu trabalho: Adelvane Néia (Treinamento Clown no LUME Teatro - Campinas); Renata Kamla (Curso de Clown na Escola de Teatro Macunaíma - São Paulo) e Ricardo Napoleão (curso de Clown na Escola Jacques Lecoq – Paris)

Nósmesmos Produções
Os palhaços Juliano Mazurchi e Christian Hilário no Espetáculo Quase Artístico
Comentários