Cultura

Publicado: Quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A nova face dos idosos

Sexualidade, alfabetização, aids, exercícios e muito mais.

Crédito: Camila Bertolazzi / www.itu.com.br A nova face dos idosos
Vale a pena reservar algumas horas do dia para se emocionar com as lindas histórias dos idosos
Por Camila Bertolazzi
 
O Brasil está envelhecendo e infelizmente muitos ainda não se deram conta disso. A cultura, a mídia, o transporte público, os esportes, as faculdades de medicina e vários outros campos atuam com olhar exclusivo para o jovem, e esquecem que quase 10% da população brasileira é sexagenária. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as estimativas para 2040 indicam que a população com idade igual ou superior a 60 anos poderá exceder 55 milhões de pessoas.
 
Atrelado a este crescimento temos o aumento na longevidade. A expectativa de vida da população brasileira aumentou cinco anos, entre 1991 e 2007, chegando a 72,57. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - responsável pela pesquisa -, a melhoria no acesso da população aos serviços de saúde, as campanhas de vacinação, o aumento da escolaridade, a prevenção de doenças e os avanços da medicina contribuíram para o aumento da expectativa de vida.
 
A questão é que estamos envelhecendo muito rápido. Além do avanço da longevidade, outras notícias recentes chamam a atenção. A partir de 2009, o governo terá um gasto maior com inativos do que ativos. Outro problema é que a população com mais de 50 anos está, cada vez mais, vulnerável à AIDS. Em dez anos, na faixa etária de 50-59 anos, a taxa de incidência entre os homens passou de 18,2 para 29,8; e entre as mulheres, cresceu de 6,0 para 17,3.
 
Além da Aids, outras doenças graves também atacam as pessoas nessa fase da vida. As mais comuns são a hipertensão, derrame, diabetes, câncer, artrite, osteoporose, cegueira e doenças mentais, principalmente o Mal de Alzheimer. “É preciso estar atento para o fato de que os fatores de risco das doenças são os mesmos que os fatores protetores, ou seja, dependerá de como cada um de nós os utiliza”, explica a pedagoga e Mestre em Gerontologia, Wanda Patrocínio.
 
Ouvir música pode ser o melhor remédio em alguns momentos. A descoberta é que a canção pode contribuir imensamente no tratamento de algumas enfermidades, entre elas a doença de Alzheimer que atualmente já atinge cerca de 25 milhões de idosos em todo o mundo. Dançar é outra maneira simples e eficaz que pode melhorar a memória e consequentemente prevenir as doenças mentais.
 
Para Fernanda Couto, fisioterapeuta e Mestre em Gerontologia – ciência que estuda o processo de envelhecimento -, viver por mais tempo deixou de ser um dos grandes desafios da humanidade. “Agora, o mais importante é viver melhor do ponto de vista físico e psicológico”. A especialista cita algumas características básicas que interferem no processo de envelhecimento. “O indivíduo precisa ser otimista e persistente, e ter força de vontade, auto-eficácia (acreditar que é capaz) e motivação”, salienta.
 
Essas peculiaridades fizeram a diferença na vida da norte-americana Jane Juska que, aos 66 anos e com um jejum sexual de três décadas, decidiu publicar um anúncio incomum num jornal de literatura de Nova Iorque: “Antes de completar 67 anos – no próximo mês de março –, eu gostaria de fazer muito sexo com um homem de quem eu goste”.
 
A professora aposentada, hoje com 75 anos, afirma que antes de publicar o anúncio se perguntava se nunca mais teria um homem – e essa dúvida fez soar um alarme. “A maioria das pessoas de idade, em especial as mulheres, têm medo de correr riscos”, disse em entrevista a Revista Época. “Preferi agir a esperar que alguma coisa acontecesse”. A manutenção da vida sexual é um dos principais avanços da terceira idade. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é um dos componentes da boa qualidade de vida.
 
A especialista cita ainda outras atitudes que devem ser tomadas pra contribuir para o envelhecimento bem-sucedido. “É preciso ter autonomia, ou seja, saber gerenciar a própria vida, e ser independente para executar as tarefas do dia-a-dia”, explica. Leia outras dicas para alcançar a tão sonhada longevidade!
 
A educação é outro ponto fundamental para envelhecer com saúde. Em Itu, um projeto inovador que reúne alfabetização e inclusão social para a população adulta, principalmente idosos, já contribuiu para a formação de mais de 600 pessoas. “O curso de Alfabetização de Adultos tem um aspecto muito abrangente. Não ensina apenas a ler e a escrever, mas também coloca os alunos dentro do contexto atual enquanto seres humanos humanizados”, explica Maria Eliza Coelho Chierighini, uma das idealizadoras.
 
Além da educação, a arte vem como uma aliada no processo de envelhecimento saudável, pois cria condições de oportunizar espaços de sensibilização e expressão para idosos por meio de linguagens artísticas. Para Fernanda Couto, Itu tem bastantes espaços físicos para o lazer, falta apenas conquistar os idosos e incluí-los em tais eventos. “Falta abraçar a população que não se interessa por essas atividades”. E continua: “O maior problemas é querer que os idosos de hoje tenham comportamentos que eles não foram acostumados durante a vida”. A especialista se refere a idosos que não têm a cultura de ir ao teatro, cinema, ou praticar exercícios físicos.
 
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