Cultura

Publicado: Sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Inclusão dos deficientes físicos no mercado de trabalho

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Hoje em dia é uma realidade que está se tornando mais concreta do que tempos atrás. Talvez devido ao aumento de fontes de informações, aos estímulos externos decorrentes da necessidade de recursos para sobrevivência estarem interligados cada vez mais com a independência, pois o consumismo e capitalismo estão cada vez mais expressivos. A inclusão de um portador de deficiência física no mercado de trabalho continua provocando impacto na sociedade, isso devido ao fato de não serem considerados “normais”, e quando se encontram exercendo a profissão provoca certa curiosidade e espanto por terem vencido essa guerra de hoje que observamos no mercado de trabalho.
 
O deficiente auditivo pode ter sua independência financeira
 
Desde cedo não tive dificuldades nos estudos, fator que contribuiu muito a chegar, hoje, numa faculdade. A maioria das conquistas que alcancei foi por esforço próprio, mas a realidade, isso tudo se deve a um grande preparo, desenvolvimento e apoio durante meu desenvolvimento desde criança, ou melhor, bebê. Ou seja, grande parte disso tudo é fruto de meus pais, com a ajuda de uma equipe de profissionais capacitados e dedicados.
 
Portanto, dá para compreender que não adianta ter apenas força de vontade, se falta apoio, ou então fonte de informações. Perseverança nessas horas também se torna fundamental, pois existem situações que realmente levam à desistência por achar que não haverá retorno mesmo com toda dedicação, o que realmente não é verdade.
 
É certo que o investimento financeiro, em algumas horas, torna-se fundamental, mas não deixa de ser possível um bom resultado para quem não tem condições, mas vai atrás de seus direito, tendo a consciência que do dever dos pais e da criança portadora de deficiência.
 
Com apoio, amor e dedicação que tive de meus pais, com tratamento fonoaudiólogo (durante 12 anos e ainda continuo), psicológico, e dos professores que também foram importantíssimos (estudei em colégio inclusivo e mais tarde, em colégio normal, onde a atenção dos professores, algumas horas, tinha que ser diferenciada, como falar devagar, não apagar as luzes em sala de aula, não andar muito fora de meu alcance devido à minha comunicação ser dependente de leitura labial).
 
Na faculdade que estudei (EFOA/UNIFAL - Escola de Farmácia e Odontologia de Alfenas/Universidade Federal de Alfenas), não tive tanta dificuldade em acompanhar o curso de Odontologia. Tanto nas clínicas em que faço os atendimentos na faculdade como nos lugares em que estagiei. Mas quando há dificuldade, elas são, na maioria das vezes, em nível de comunicação.
 
Os momentos de frustrações e decepções que tive foram quando, por exemplo, deixei de assimilar as palestras, simpósios e congressos importantíssimos, devido à falta de acesso ao entendimento (não resolvia apenas um interprete de Libras, mas um datiloscopista para legendar o que se fala durante as palestras).
 
Na realidade, as barreiras que encontro está nos mínimos detalhes, isso por que as maiores já foram superadas, mas mesmo assim faz uma grande diferença. O importante não é lembrar disso, mas sim, saber da sua capacidade de vencer, superar as barreiras e jamais desistir e “encostando”, tornando-se dependente, mesmo sabendo de suas limitações.
 
Geralmente me perguntam como consegui certas coisas, sendo que tenho problema severo de audição (perda profunda), pois acreditam que uma pessoa que não ouve, consequentemente não fala, ou fala pouco e de difícil compreensão e tem dificuldade para se adaptar à sociedade. O que acontece é, como mencionei, ás vezes falta informação, orientação, mas aquele indivíduo que tem as coisas fundamentais ao seu alcance tem como se encaixar futuramente no termo “normal” da sociedade e ser independente.    
 
Os portadores de outras deficiências sabem de suas limitações, mas tendo apoio e desenvolvimento adequado desde cedo, saberá como superar os limites e aguçará seus outros potenciais que, algumas vezes, pode ser o diferencial, o que acaba incluindo-o no mercado de trabalho.
 
Todo deficiente tem um potencial, é só encontra-lo e desenvolvê-lo adequadamente.
 
 
                                                                                                                                    Alexandra Mottola
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