"Mamãe adotiva"

Crédito: Arquivo pessoal

Itu.com.br – Você sempre quis ter filhos? Sonhava em ser mãe?

Tânia - Na verdade eu sempre tive foi muito medo de morrer de parto. Aos vinte e poucos anos eu desenvolvi uma gravidez tubária e por causa desse problema de saúde eu fiz uma cirurgia para retirada de um ovário e fiquei também só com uma trompa. Então eu não corria mais esse risco mesmo, já que não podia mais engravidar. Anos depois que me casei pela segunda vez, o filho do meu marido veio morar com a gente e acabei criando ele dos 9 aos 16 anos. Ensinei ele a se cuidar, fazer comida, entre outras coisas. Então fui me acostumando a ter mais alguém na rotina e quando ele foi embora, voltei a pensar de novo em ser mãe.


Itu.com.br – Como foi quando você decidiu que era o momento de aumentar a família? Como ocorreu a adoção?

Tânia - Um dia meu marido e eu estávamos perto do abrigo da cidade e acabamos passando por lá. Eu vi uma menina muito bonita dormindo, mas nem cheguei a falar com ela. No dia seguinte fui ao fórum perguntar sobre ela para a assistente social, mas descobri que ela tinha mais irmãos e que a preferência seria para a adoção conjunta. Então acabei apenas fazendo uma ficha cadastral. Pouco tempo depois comentaram comigo que havia nascido uma menina no hospital da cidade e me ligaram para irmos vê-la. Nós fomos e claro que gostamos dela. Uma semana depois vi o recado na secretária eletrônica que eu poderia ir buscá-la. Meu marido estava fora da cidade e eu não tinha comprado nada ainda. Fui ao fórum assinar os papéis e pedi para uma amiga me levar na maternidade. Depois rodei toda a cidade, já com a Vitoria [filha] no colo, para comprar tudo o que precisava em um dia. Era 11 de outubro, véspera do dia de Nossa Senhora Aparecida.


Itu.com.br – Qual foi seu sentimento ao segurar sua filha, pela primeira vez, nos braços? 

Tânia - A gente se sente completa. É muito legal, um amor que você não sabe explicar. Parece que nasceu de você, não tem nada de diferente. Se você faz as coisas com amor, não existe diferença. Eu era até mais rígida com o filho do meu marido, do que sou com ela. Enfim, é um momento muito bonito e gostoso. 

Itu.com.br – Cada mãe tem suas características que marcam a vida dos filhos. Algumas são ciumentas, perfeccionistas, outras são mais compreensivas, pacientes. Que tipo de mãe você acredita que seja? 

Tânia - Na educação da Vitoria, eu procurei não fazer com ela o que eu não gostava que fizessem comigo. Eu criei ela do jeito que eu achava que tinha que ser, não me inspirei em ninguém. Tentei não sufocar ela, mas acho que acabei me tornando superprotetora. Por um lado, acho que sou bem liberal para algumas coisas, por outro protejo muito ela. Não acho isso legal, mas não tem como controlar. Eu queria ser mais “desencanada”, só que não consigo.


Itu.com.br – Hoje sua filha é uma adulta. Qual etapa da vida dela foi mais difícil ser mãe? Por quê? 

Tânia - A fase mais difícil foi quando eu me separei do pai dela, porque ela era criança ainda e sentia muito a falta dele. Foi um período muito difícil para mim, ela tinha bronquite e quando ficava nervosa atacava. Ela chorava muito e eu como mãe me sentia uma inútil, como se não conseguisse suprir a falta dele. Esse período foi mais difícil do que as crises de saúde que ela teve.


Itu.com.br – E o que a experiência da maternidade tem de mais agradável para você? Por quê?

Tânia - Acho que você olhar a evolução da criança. Lembrar dela pequenininha aprendendo a comer, a falar, a convivência na escolinha, as brincadeiras e agora ver que o tempo passou e ela está desse “tamanhão”. A gente nunca acha que criou bem, ficamos naquela dúvida se fizemos o melhor, se foi o suficiente. Mas hoje ela é uma adulta e me dizem que fiz um bom trabalho. As pessoas até falam que ela é muito parecida comigo, que tem os dedos iguais aos do pai, nem imaginam que ela é adotada. A convivência vai fazendo com que as atitudes sejam até parecidas com as da gente. Eu acho que ela tem muito de mim. 


Itu.com.br – Você abriu seu coração e ganhou um presente para toda a vida. Nesse Dia das Mães o que você celebra?

Tânia - É gostoso perceber que você formou uma família, porque a solidão é muito ruim. Embora não esteja com o pai, para dizer que é uma família completa, eu acho que faço bem o papel de mãe e pai. Eu gosto de estar sempre junto, em todas as datas. É a realização de ter uma família mesmo que eu celebro.