Colunistas

Publicado: Quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Pequi e manjericão: educação ambiental na APAE

Crédito: acervo pessoal Pequi e manjericão: educação ambiental na APAE
cultivando o jardim

Caminhando pelas ruas do centro  antigo de Itu, encontrei com D. Carolina, mulher de nobres feitos sociais e que por empatia e também  através  de  seu filho João, amigo da infância, já conhecia. Num impulso, disse a ela que gostaria de ajudar a nova sede da APAE, na época em construção. Fui apresentada por ela ao Presidente da APAE Sr. Micai, pessoa de muita  gentileza que acolheu meu desejo de colaborar. Dessas conversas e muito trabalho tivemos como resultado um espaço verde educativo.

A construção do prédio, que seguiu as diretrizes de construção sustentável me trouxe uma bela surpresa. Havia algumas árvores remanescentes da mata nativa onde encontrei alguns pés de pequi, árvore do cerrado goiano onde passei minha infância.  E assim, integrado a uma grande cisterna que coleta água de chuva, banheiros com equipamentos que promovem economia de água, pátio com piso drenante, e próximo aos pequizeiros, plantamos mais de 200 mudas de árvores – araçás, ipês, manacás, paus-ferro, limoeiros, laranjeiras, amoreiras, pitangueiras, goiabeiras e o louro este auspicioso símbolo da APAE.

Próximo da inauguração, iniciei o planejamento das atividades de educação ambiental, consultei referências pedagógicas e  conversei com  alguns especialistas sobre a inclusão de deficientes. Com as mãos na terra, começamos nossos encontros. A maior parte de nossas aulas são ao ar livre com vivências corporais, sempre inicio pedindo que respirem ao menos 3 vezes, que nossas caminhadas sejam feitas com calma para que entremos em sintonia com nossas sensações e observemos  as estações do ano e suas características. Em algumas ocasiões contei  estórias e apresentei diversas imagens dos biomas brasileiros e da cultura dos nossos povos.  Na nossa horta, feita com pneus reutilizados, cultivamos mudas de ervas e flores. Para aprender sobre o solo, fizemos vasos de argila. Recebi muito carinho e retornos dos alunos. Muitos deles pedem ervas para cozinhar com a família, trazem mudas para plantarmos na nossa horta, falam sobre alguma árvore florida que encontraram em seus caminhos. Recebo também desenhos e pinturas de flores, sol e corações. Ah que presentes!

Na Apae, todo dia tem colheita, novas experiências e receitas  compartilhadas: com o alecrim fizemos um delicioso sal temperado, com a sálvia um molho branco para passar nas torradas, com tomate, alho poró e pimenta fizemos pizzas e com o urucum  e açafrão atividades de artes.

Um ano depois, meu coração bate forte pela educação ambiental na APAE de Itu, ela  faz parte desse querido grupo de adultos e ensina com o aroma do manjericão e com o canto das aves sobre como nos sentimos na primavera e admiramos aquela bela flor de pequi que sempre esteve ali.

Comentários