Por Francisco
Francisco pede paz,
sabe das dores do mundo,
das feridas abertas na Terra,
da miséria humana espalhada em barracos,
em árvores arrancadas,
em seca e pó.
Francisco leva amor,
sabe do ódio que avança,
da dureza das almas,
do concreto, das grades,
a paisagem congelada,
o grito abafado dos muros.
Francisco quer consolar,
sabe do rio doente,
das margens esquecidas,
a mata derrubada,
as crianças sem asas,
os moços quase velhos,
sede.
Francisco nos perdoa,
sabe do excesso nas palavras,
do gesto ausente,
os olhos cheios de imagens,
lembranças, lágrimas,
coração vazio,
terra desolada.
Francisco vive,
sabe que a vida resiste,
na flor aberta, na cor,
na primavera que insiste,
na semente, a morte vencida,
terra rompida,
broto.
Paulo R. F. Dutra