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Publicado: Quinta-feira, 17 de agosto de 2006

A inclusão de crianças com necessidades especiais

Certa vez, em um jantar beneficente de uma escola que se dedica ao ensino de crianças deficientes, localizada no Brooklyn, em Nova Iorque, o pai de um dos alunos fez uma colocação que nunca seria esquecida pelos que estavam presentes. Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, ele disse:

"Onde está a perfeição em meu filho Shaya? Tudo o que Deus faz é feito com perfeição. Mas meu filho não pode entender as coisas como as outras crianças entendem. Meu filho não pode se lembrar de fatos e números como as outras crianças. Onde está a perfeição de Deus?"

A audiência estava chocada pela pergunta, sofrida pela angústia do pai e paralisada pela pergunta crucial.

"Eu acredito - o pai respondeu - que quando Deus traz uma criança assim ao mundo, a perfeição que ele busca está no modo como as pessoas reagem a esta criança".

Segundo o pensamento de Vygotsky (1983), uma criança portadora de uma deficiência, seja ela física ou mental, não é uma criança menos favorecida que as demais, mas apenas se desenvolve de forma diferente.

O direito de crianças portadoras de necessidades especiais de cursar escolas regulares é garantido por lei mas, na prática, não é bem isso o que ocorre. Muitas vezes a escola, e os próprios educadores, seja por medo de enfrentar a diversidade ou mesmo por falta de informações, que acaba por gerar o preconceito, rejeitam essas crianças, negando-lhes o acesso à convivência com as crianças consideradas ‘normais’, que teriam muito a ensinar – e a aprender – com elas.

Toda escola tem, sim, a obrigação de aceitar essas crianças como alunos regulares, e de adaptar o seu currículo às necessidades desses alunos, para que sejam totalmente integrados à escola e, conseqüentemente, à sociedade.

A partir dessas premissas, o projeto pedagógico, como fator de construção social, deve estar norteado por três grandes princípios. O primeiro princípio é o da igualdade de direitos, independentemente da origem e da condição social do aluno. O segundo é o da concepção da escola como espaço de sociabilização e integração do homem ao conhecimento acumulado. O terceiro e último é o do entendimento da preparação cultural como meio para a inserção social do indivíduo como cidadão. (Revista Integração n.º 21, pág. 12)

Nesse sentido, os fundamentos passam a exigir uma nova compreensão do sentido pedagógico, que deve ser concebido a partir de seus significados reais, o que só é possível mediante uma mudança de valores e de atitudes na estrutura da sociedade, bem como nas concepções de educação, de modo a permitir a inclusão do aluno por meio de um processo de integração que tem por pressuposto a idéia de que todos os educandos são capazes de aprender. (ibidem)

A grande riqueza da vida está justamente na diversidade, na percepção de que cada um é um ser único, dotado de qualidades e defeitos que o tornam distinto dos demais e, sem dúvida alguma, muito especial. Que delícia poder viver a diversidade! Como é bom sentir as diferenças pertinho de nós e poder decidir qual é a melhor forma de lidar com elas. Afinal, nenhum de nós vive em um mundo perfeito, e quanto antes soubermos enfrentá-lo sem medos, melhor!

DIGA NÃO AO PRECONCEITO!

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