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Publicado: Domingo, 26 de junho de 2016

Ruby Sparks

 Ruby Sparks

Criar sua musa para idealizar seu trabalho é muito normal ainda mais na parte artística como a Musica, Filmes e Pintura. Eu acho ainda mais importante ter uma musa na musica como é o caso de ótimas canções famosas: Michelle, Lady Madonna, Billie Jean, Layla e assim vai.

Um dos casos mais famosos de criação de musas é na mitologia grega, aonde o escultor Pigmalião desiludido com as mulheres, cria uma estatua perfeita e assim começa a admirar todos os dias, a deusa Afrodite movida pela solidão do escultor faz com que a estatua ganhe vida e assim surgi Galatéia; que é o símbolo para a perfeição de mulher para todos os homens.

 Isso serve de inspiração para o novo filme dos diretores de “Pequena Miss Sunshine” Jonathan Dayton,Valerie Faris que com o roteiro de Zoe Kazan (sim ela é neta de “Elia Kazan”) faz o mito de amor entre o criador e sua musa ganhar vida.O filme gira em torno de Calvin Weir-Fields (Paul Dano) um cara na fase dos seus 20 e poucos anos que é considerado um gênio,ele sente essa pressão de ter esse titulo e isso o afasta das pessoas,ele não tem amigos e nenhuma namorada. Seus únicos amigos é seu cachorro, seu terapeuta (Elliott Gould) e seu irmão Harry (Chris Messina) Calvin mora sozinho e vive para fazer seus livros um dia na sua consulta seu Terapeuta pede para ele criar uma musa para dar incentivo a ele, aos poucos ele vai criando sua personalidade, sua historia de vida e finalmente seu visual e seu nome “Ruby Sparks”. Calvin começa a ter estranhos sonhos com ela e depois começa a aparecer pertences estranhos em sua casa como sutiã, escova de dente extra e materiais de depilação. E gera até momentos engraçados para o expectador. E também leva você a pensar que ele é a Ruby e cria essa personalidade para extravasar dessa vida remota que ele leva.

Até que um dia Calvin acorda e encontra Ruby Sparks (Zoe Kazan) em sua cozinha ele pensa que está louco e não acredita no que está vendo. Achei isso interessante no filme em não explicar o porquê dela se materializar do nada e ao contrario do filme “Mais Estranho que a ficção” em que o narrador apenas interage com o personagem principal. Ruby interage com todos a sua volta criando ainda mais o “por que” dela aparecer do nada, mas ao longo do filme você só aceita dela estar lá e pronto. É uma boa saída para a trama, invés de criar uma desculpa idiota ou até diálogos longos e fúteis para explicar algo que não tem necessidade.

Ao longo do filme é impossível você não criar semelhanças com o “Indie Summer movie” “500 dias com Ela”, mas ao contrario de “500 dias com Ela”, Ruby (Filme) é mais inteligente. Calvin é um personagem que sabe o que quer, é decidido e tem uma boa carreira como escritor, apenas procura uma garota ideal, e essa idealização chega até ser irônico no caso dele tentar controlar a vida e a personalidade de Ruby Sparks, quando ele quer que ela fique feliz ele apenas escreve em sua maquina,quando ele quer que ela fique séria ele escreve. No fim ele namora apenas o ideal de perfeição que ele acha que a moça dos seus sonhos deve ter. A idéia de perfeição e aceitar a personalidade e erro dos outros é muito bem explorada no caso de Calvin perceber que ele tem que aceitar ou apenas deixar Ruby ir embora, ele não necessita de alguém por trás explicando para ele os motivos de ser certo, o personagem tem quase 28 anos não é nenhum boçal, diferente de Tom (Joseph Gordon-Levitt) de “500 dias com ela” aonde seu personagem apesar de fofo é um completo tapado que ouve conselhos da sua irmã de 9 anos e sabe mais da vida do que ele. E esse ponto que o roteiro acerta ou até o filme de não tratar o publico como idiota. Calvin é adulto e percebe o erro e tenta concertar e nesse concerto ele libera seu grande medo que é de ser abandonado e o supera.

Apesar de o filme ter uma pegada pouco estrutural é interessante acompanhar a resolução da trama. E pensar em “Ruby Sparks” como o melhor filme cômico ou até um filme “indie” como o ótimo “Pequena Miss Sunshine” é um exagero o filme é muito bom, melhor do que muitas coisas que vem sendo lançada ultimamente, mas às vezes o filme da uma escorregada e se retrata como um filme de comedia romântica com vários traços e uma cartilha enorme de clichês que é usado nesses tipos de filmes para agradar família, maridos, esposas enfim o grande público consumidor.

Mas assista pensando se a idealização da mulher existe ou só queremos aceitar um amor que realmente achamos que merecemos. E não aceitarmos o fato de que os erros dos outro é importante para uma relação durar e que é sempre melhor do que tentar chegar numa perfeição impossível, porque cada um é cada um.

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