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Publicado: Sábado, 30 de abril de 2016

Hannah Arendt (2013)

Hannah Arendt (2013)

Hannah Arendt talvez seja um dos melhores filmes biográficos já lançados. Ele trata de forma simples, mas ao mesmo tempo muito complicada a relação de uma mulher com o seu passado, presente e futuro.

Com uma produção muito bem realizada que se passa entre os Estados Unidos, Alemanha e Israel. Conta a historia de uma mulher judia que muda a visão, ou melhor, tenta mudar a visão de alguns em relação ao um nazista capturado pelo “Mossad” em Buenos Aires. Esse nazista é Adolf Eichmann, ele era um político e tenente-coronel da “SS”, ele participava do que era chamada de “solução final” quando os campos de concentração ficavam lotados ele levava os judeus para serem exterminados. Mas no julgamento dele ele afirma que apenas cumpria ordens e realizava à logística e não participava do extermínio em si.

A partir desse conceito se cria um caso em que Hannah vivida por Barbara Sukowa, começa a analisar de um jeito diferente esse julgamento e ver o ponto de vista de Eichmann. E isso afeta toda a sua amizade, carreira e relacionamento com os seus amigos.

A história real de Hannah é muito complicada acompanhamos por “flash-backs” esses momentos. Quando se mostra que ela teve um caso com um professor de universidade já que ela é uma filosofa, ou melhor, uma das pessoas mais influentes do Séc.XX, o legal do filme é como Barbara Sukowa consegue passar um ar de importância da personagem sem ser extravagante demais e sem ela se mostrar demais. A história se passa nos anos 60 em Nova York. Hannah vive com o seu marido Heinrich Blücher (Axel Milberg) um também professor universitário. Os dois vivem seguramente nos E.U.A depois de serem “despatriados” e conseguirem um visto de cidadãos americanos, eles vivem com os amigos também alemães que fugiram do horror da guerra.

Hannah é uma fluente escritora e filosofa. Então ela é convidada pelo “New York Times” a escrever um artigo sobre o julgamento de Eichmann em Jerusalém. Lá ela encontra seu velho amigo Kurt (Michael Degen) um alemão com quem sempre discuti os diversos assuntos. A partir daí vemos a mudança na cabeça de Hannah em relação ao julgado. E ela percebe que realmente ele estava dizendo a verdade, ele só estava cumprindo ordens.

Uma vez Steven Spierlbeg disse: “Se você quer ter um bom vilão nos seus filmes use os nazistas, ninguém tem pena deles”. E podemos levar isso muito a sério. Já que depois de Hannah analisar todo o julgamento ela defende o nazista, mas uma judia defendendo um nazista? Sim! E como ela diz: “Eu gosto das pessoas e não de um povo”. É admirável como ela leva essa convicção a sério. E é tão a sério que o Mossad é enviado para falar com uma mulher de meia idade para convencê-la a não publicar o artigo, mas mesmo assim ela os enfrenta. Depois de publicado o artigo ela tem que lidar com a fúria de todos os seus amigos, que a repreendem e chama de mentirosa, traidora de sua religião e de sua pátria adotiva. Ela chega até perder o seu trabalho na universidade por conta de sua convicção com o que escreveu.

Mas o bom de filmes assim, é que vemos uma genialidade sendo montada é diferente de alguns filmes em que vemos uma falsa biografia, ou melhor, que sabemos que aquilo não aconteceu com a pessoa. Mas a produção da um jeitinho no roteiro de fazer a pessoa se sair na melhor. Hannah Arendt apresenta um roteiro fiel, com base em sua vida e suas obras, já que ela é uma das pessoas mais influentes do séC.XX como eu mesmo disse no começo da crítica. O seu artigo sobre o julgamento virou um livro que se pode ser encontrado em qualquer livraria ou sites especializados ele se chama “EICHMANN EM JERUSALÉM - Um relato sobre a banalidade do mal”.

Um bom filme sobre uma mulher forte que seguiu suas idéias mesmo com protesto de pessoas mais próximas dela. Mas a idéia de defender um nazista foi de bom grado? E será que todos os casos de guerra ou de massacre merecem ser revisto com outra óptica?
Bem... Eu acho que não!
 

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