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Publicado: Sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ex Machina: Instinto Artificial

Crédito: Divulgação Ex Machina: Instinto Artificial
Alicia Vikander, o grande destaque do filme

O cinema vem abordando o conceito de inteligência artificial há muito tempo. “2001: Uma Odisseia no Espaço” e o próprio “A.I. – Inteligência Artificial” já levaram às telonas essa temática. Afinal, discutir os impactos da criação de um software tão sofisticado ao ponto de reproduzir a inteligência humana é deveras fascinante. Mas talvez nenhum deles tenha feito da maneira excepcional que “Ex Machina: Instinto Artificial” fez.

Neste filme dirigido e escrito por Alex Garland, a ideia da existência de uma IA é levada a um patamar acima. No longa-metragem vemos o programador Caleb (Domhnall Gleeson) sendo “sorteado” para passar uma semana na fortaleza de seu chefe, Nathan Bateman (Oscar Isaac), dono do Blue Book – maior site de busca do mundo. O que Caleb não sabe é que, na verdade, ele foi chamado para testar a maior criação de Nathan: Ava (Alicia Vikander), uma inteligência artificial humanoide.

Caleb tem que aplicar o chamado Teste de Turing, idealizado pelo pai da computação Alan Turing (cuja história é contada no ótimo “Jogo da Imitação”, com Benedict Cumberbatch - leia a crítica aqui) para verificar, através de perguntas, se o computador tem inteligência artificial ou se está imitando uma. Porém, ao longo do teste, Caleb começa a se aproximar de Ava, fazendo tudo ficar ainda mais interessante.

Cerebral, o filme trata de questões como a sexualidade, a responsabilidade e a confiança em um mundo que é possível ter um robô idêntico a um ser humano. Mais que isso: faz uma reflexão em tempos como o que vivemos de verdade hoje em dia, em que somos cada vez mais escravos de nossos smartphones e tablets.

No quesito atuação, o trio está de parabéns. Destaque para Isaac e, principalmente, para a excepcional Alicia, que rouba a cena e vai, aos poucos, se tornando a grande atriz dessa geração. O roteiro de Alex Garland também é ótimo – merecendo o Oscar de Melhor Roteiro Original. Estreando na direção, ele faz um filme muito bem acertado, como uma fotografia fascinante e uma montagem que dá um ritmo fantástico.

Repleto de simbolismo (só pra ter uma ideia, Ava faz referência à Eva, a primeira mulher de acordo com a Bíblia), “Ex Machina” é um daqueles filmes que marcam. Nos faz refletir sobre o conceito de vida, humanidade e também questionar a existência e a necessidade de alma – coisa que o longa tem de sobra.

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