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Publicado: Terça-feira, 25 de agosto de 2015

O Pequeno Príncipe

O Pequeno Príncipe
"O Pequeno Príncipe": personagens cativantes assim como a história

Apesar de conhecer a história, devo confessar que nunca li "O Pequeno Príncipe", obra máxima do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry e um dos maiores clássicos da literatura mundial. Mas esse erro (que pretendo corrigir o mais cedo possível) não impediu de assistir - e adorar - a recém-lançada animação baseada no livro que já vendeu milhões e milhões de cópias em todo o planeta. Aliás, essa independência do livro é um dos vários pontos positivos do filme que está em cartaz.

"O Pequeno Príncipe" é o tocante. Melhor, é cativante - para fazer referência ao próprio. Ao longo de suas quase duas horas de duração, o filme apresenta uma bela história sobre a vida, o amor, a amizade e a dura transição entre ser criança e ser adulto. Se posicionando como uma continuação da história clássica (e não uma simples adaptação), a produção francesa dirigida pelo americano Mark Osborne ("Kung Fu Panda") respeita o material original e ainda traz novidades.

A trama começa com uma garotinha (dublada no Brasil por Larissa Manoela, da novela "Carrossel") que tem sua vida controlada por sua rígida e obsessiva mãe, que quer torná-la uma "excelente adulta". Com uma rotina incomum para uma criança da sua idade, a menina acaba sendo privada das maravilhas da infância. Mas, após um acidente, ela acaba conhecendo seu novo vizinho (voz de Marcos Caruso, de "Avenida Brasil"), um velho aviador que conta histórias de um pequeno príncipe que conheceu no Deserto do Saara.

Essa é a base da trama de "O Pequeno Príncipe", que vai se desenvolvendo de maneira exemplar. O espectador conhece diversos elementos presentes no livro do menino de cabelos de ouro, como o asteroide B-612, os baobás, a rosa... Com uma edição muito bem feita, o filme consegue apresentar tudo isso de maneira clara e correta, não se tornando pedante para quem leu o livro ou incompreensível para quem nunca leu.

O filme também utiliza duas técnicas de animação: uma para mostrar o "mundo real" (animação computadorizada como a Pixar faz, por exemplo) e outra para mostrar as aventuras do pequeno príncipe (stop-motion). Ambas as técnicas são executadas de maneira primorosa, mas a segunda se destaca mais - tanto pela sua beleza, quanto pela excelente combinação com o traço das aquarelas de Saint-Exupéry.

Outro ponto que devo destacar é a dublagem brasileira. Se no original temos nomes como Jeff Bridges e Mackenzie Foy (além de Paul Rudd, James Franco e Marion Cotillard) emprestando a voz aos personagens principais, a versão nacional conta com o bom trabalho de Marcos Caruso e Larissa Manoela. O veterano das novelas da Globo, aliás, se saiu muito bem como dublador. A jovem atriz também vai bem. Ponto para a equipe de dublagem, que soube escolher muito bem os dois.

Emocionante do começo ao fim (chorei um bocado durante a sessão), "O Pequeno Príncipe" entra - como bem lembrou um amigo meu - naquele rol de animações que trazem significados diferentes para crianças e adultos (assim como a também excelente “Divertida Mente”). E isso é extremamente positivo, pois respeita os dois públicos e dá significado e importância à obra. Sem muitos pontos negativos (talvez tenha faltado um pouco mais de humor), "O Pequeno Príncipe" é essencial - e, nesse caso, não é invisível para os olhos. (4,5/5)

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