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Publicado: Segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Era Uma Vez em Nova York (2013)

Era Uma Vez em Nova York (2013)

 James Gray talvez seja um dos meus diretores na carreira com poucos filmes na carreira, mas mesmo assim são filmes muito bons e destaco vários entre eles como "Donos da Noite", "Caminho Sem Volta", "Amantes" e agora "Era Uma Vez em Nova York". Uma coisa em comum com a maioria dos seus filmes é que ele tem como seu parceiro de atuação Joaquin Phoenix, que em minha opinião é um dos melhores atores dessa nova geração e também de todas elas. E digo sem exageros mesmo, suas atuações são complexas e também como ele usa o método para atuar aumenta mais sua capacidade. Visto por outro diretor que usou em dois filmes que foi "O Mestre" e "Vicio Inerente". Ambos os filmes de outro diretor que adoro muito que é Paul Thomas Anderson.

Confesso que demorei muito para ver "Era Uma Vez em Nova York". O filme foi lançado em 2013, e o "hype" do filme chegou aqui no Brasil ano passado. E digo que o filme não deve nada aos anteriores e ainda é um dos melhores filmes da carreira de Gray. O diretor mostrou uma maturidade ao abordar um filme de época com uma estética muito bonita e também usa sua habitual fotografia meio apagada e reflete nas atuações e também nos planos que Gray aborda em cena. O diretor de fotografia desse filme é Darius Khondji que já trabalhou com Woody Allen, Michael Haneke e David Fincher. Prestem atenção na fotografia no filme e vemos que não a nenhuma cena muito clara a não ser em seu espetacular final.

Quando começamos a ver o filme, a primeira cena que vemos é a estatua da liberdade. Vemos que estamos em Nova York (o titulo original chama "A Imigrante") na década de 20. Tudo é muito novo como a cidade e também seus imigrantes que chegam aos montes no porto para uma nova oportunidade. Quem já assistiu "O Poderoso Chefão Parte 2" sabe que estou falando. Nessa parte acompanhamos Ewa Cybulska (Marion Cotillard), uma imigrante polonesa que chega para uma nova oportunidade. Ela está com a sua irmã que é impedida de sair da fila da imigração por causa da tuberculose e assim ela é afastada. No meio disso temos Bruno (Joaquin Phoenix), um oportunista que com uma promessa de liberdade para Ewa e sua irmã, começa a usar a garota como prostituta e faturar com os esforços dela. Ao passar do tempo ela conhece outra pessoa o mágico Orlando (Jeremy Renner), que entra numa disputa pelo coração da moça. Aos poucos vemos que nada é o que parece, e isso é que deixa o filme mais interessante. E é incrível como podemos fazer um paralelo entre as pessoas e a cidade dessa década.

Apesar das reviravoltas que acontece a trama não se estremece de um jeito que nada tem volta e etc. E mesmo com uma linha narrativa tensa por conta das situações e conflitos inesperados que aparece. Ainda acreditamos nos nossos dois personagens tanto Bruno como Ewa. E seu final que tem um dos melhores planos do cinema acaba de um jeito ótimo. Na mesma cena vemos Ewa e sua irmã partindo com um barco e a luz nascendo e em conflito com isso a escuridão de Bruno, aonde ele vai embora e vimos ele se afastando num espelho como se fosse um reflexo de um tempo e depois vai se apagando devagar até não existir mais nada. 

Esse paralelo que James Gray faz entre os objetos e as pessoas não são novos. Ele já usou no excelente "Amantes" e aqui parece que ficou espetacular como tudo funciona perfeitamente e como ele escreveu e produziu o filme. O controle total sobre tudo só enriquece ainda mais essa obra de arte. Acho que quem ver "Era Uma Vez em Nova York" vai se apaixonar no primeiro momento e depois engolir toda aquela agressão que vemos ainda hoje com os imigrantes independe do país que eles vão. E a liberdade só conseguimos mesmo de um jeito comprando e sendo alguém.

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