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Publicado: Quinta-feira, 23 de abril de 2015

Pra tudo acabar na 4f? Só que não!

No início do ano, estive na avenida, no ensaio da escola de samba Vai Vai.

Quem já esteve no sambódromo, sabe que não tem como descrever a força da raça brasileira em estado de graça – e o carnaval é um desses momentos.

É um encantamento do começo ao fim, em comunhão com milhares de sorrisos, acenos, cantoria entusiasmada para que as alas sigam sambando!

Saímos com a alma lavada, e os pés e pernas naquela dor masoquista, prazeirosa.

Mas, ao término da apresentação, às 5h da manhã, na volta para pegarmos nosso carro estacionado em um único hotel próximo, nos chamou à atenção a quantidade de lixo esparramado pelas ruas. Lixo dos grandes, muito, muito mesmo. Nunca vi nada igual. Crianças, jovens, cadeirantes, idosos, tinham de desviar dos entulhos apinhados nas ruas e calçadas.

Os vendedores de cachorro quente, com seus carros estacionados no meio fio, tendo de trabalhar, madrugada adentro, nessa imundice.

Mas o que mais me chamou a atenção foi o estado de normalidade que se abate sobre todos nós.

Sim, claro, após horas andando para chegar e para partir do sambódromo, onde o metrô fica distante, tem pouquíssimos ônibus, escassos estacionamentos com filas de mais de 2hs, ficam todos mais cansados para qualquer outra aventura que não seja a diversão.

O povo, servil e acostumado a sempre não ter, nada pode fazer.

Fiquei pensando nesses tantos "desvios" que o brasileiro tem de fazer e, ainda por cima, não serem "educados", pois jogam tudo na rua!

A quem mesmo interessa manter isso?

Por que a prefeitura de São Paulo, com um representante do povo (eleito pelo mesmo), pelas inclusões sociais, pela educação para todos, não faz nada a respeito?

Onde ele estava?

Andamos por mais de 15 min sem nenhuma lata de lixo à vista!

Como isso é possível? Como não há recipientes para o lixo, em TODOS os lugares possíveis?

Fiquei com vergonha dos lixeiros no dia seguinte.

Com a grave, gravíssima crise hídrica, ter essa quantidade de lixo nas ruas é uma insanidade. Em locais inclusive com placas de possível região de alagamento?

Que país esquizofrênico estamos vivendo?

Sai de lá alegre pelo "meu samba de uma noite só", e muito triste pelo samba diário de um povo massacrado e iludido.

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