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Publicado: Terça-feira, 3 de março de 2015

Sniper Americano

Sniper Americano
Bradley Cooper tem atuação grandiosa em "Sniper Americano"

A vida de Christopher Scott Kyle – ou Chris Kyle, como ficou mais conhecido – merecia se tornar filme. Ainda mais um grande filme, com roteiro impecável e direção do sempre fantástico Clint Eastwood. Contando a história do mais letal atirador de elite dos EUA, “Sniper Americano” é uma produção excepcional, que mereceu sim a indicação ao Oscar – por mais que alguns críticos tenham achado um exagero.

O filme obteve tamanho sucesso de público – pode assumir o posto de maior bilheteria de 2014, que hoje é de “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1” – e crítica por dois motivos: o ótimo roteiro de Jason Hall e a atuação contundente de Bradley Cooper. Mais conhecido por filmes cômicos, o ator se transforma para interpretar Kyle – inclusive fisicamente, pois chegou a ganhar peso para a tarefa.

Pelo olhar vago e respiração ofegante podemos perceber a carga emocional que o sniper carrega em suas costas. Ao mesmo tempo em que tem um grande senso de dever para com seu país, Kyle é atormentado pelas mazelas da guerra contra o terrorismo. Além disso, carrega em sua mente e coração o amor pela sua esposa – interpretada por Sienna Miller –, seus filhos e seu irmão, que também acaba sendo convocado pelo exército.

Mostrando a infância de Kyle, que tem um pai linha dura e é educado de forma rígida no interior do Texas, “Sniper Americano” tem como grande trunfo saber contar como foi a transformação do jovem que sonhava em ser peão de boiadeiro num atirador implacável, com mais de 160 mortes creditadas ao longo de sua carreira militar.

O filme é repleto de momentos de tensão. Não bastasse toda a chocante violência retratada na tela, “Sniper Americano” deixa o espectador aflito nos instantes que precedem uma decisão arriscada de Chris Kyle – que tem frações de segundos para decidir se mata, por exemplo, um garoto que se mete a besta e resolve pegar uma bazuca largada no chão por um terrorista morto.

Mas nem tudo é perfeito. O filme tem como grande defeito o ufanismo exagerado comum em obras do gênero. A tentativa de transformar Kyle em um grande herói também me pareceu equivocada. Apesar de sua interessante história, ele não é exemplo pra ninguém. E claro, não podia deixar passar o horroroso boneco usado para representar o bebê do atirador. Digno de filmes “B” dos anos 1980.

Com mais pontos positivos do que negativos, “Sniper Americano” consegue o objetivo proposto: contar a história da Chris Kyle e mostrar sua transformação na “lenda” do exército dos EUA. De quebra, ainda consegue ser um bom filme e fazer uma crítica – mesmo que quase imperceptível – à guerra descontrolada.

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