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Publicado: Sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

O Jogo da Imitação

O Jogo da Imitação
Benedict Cumberbatch interpreta Alan Turing com maestria

Durante a Segunda Guerra Mundial, ambos os lados do conflito buscavam meios de esconder do inimigo informações cruciais que poderiam conduzi-los à vitória. Para certificar que mensagens importantes não caíssem em mãos erradas, eles utilizavam a criptografia. E coube a uma pessoa quebrar o código utilizado pelos nazistas e ajudar os Aliados a encerrar a guerra: o matemático Alan Turing.

Em “O Jogo da Imitação”, obra indicada ao Oscar de Melhor Filme, o astro britânico Benedict Cumberbatch dá vida ao homem que muito contribuiu com o avanço da ciência da computação. E a interpretação dele é exemplar. Mesmo que em alguns momentos pareça que ele esteja interpretando a si mesmo (como numa exagerada caricatura), podemos perceber com o passar do tempo sua intensidade e vibração.

Além da preciosa interpretação de Cumberbatch, o filme ainda tem um roteiro muito bom – que acabou premiado com o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado. Graham Moore conseguiu transformar o livro “Alan Turing: The Enigma”, de Andrew Hodges, em um filme grandioso e que consegue abranger os dois pontos principais da vida do matemático: sua genialidade e sua homossexualidade.

Sim, o considerado “pai da computação” era gay e enfrentou grandes problemas por conta de sua opção sexual – já que isso era considerado crime na Grã-Bretanha do século passado. E o filme dirigido por Morten Tyldum consegue, graças à interpretação de Cumberbatch, mostrar esse ponto da vida de Turing sem cair no clichê ou desrespeitando a causa.

“O Jogo da Imitação” utiliza o recurso de múltiplas narrativas (vemos Turing ainda jovem, já no fim da vida contando sua história para um policial e durante a guerra, ajudando os Aliados a vencê-la), o que deixa o filme mais dinâmico e interessante. A produção ainda conta com um grande elenco coadjuvante. Destaco as boas atuações de Keira Knightley, Matthew Goode e Mark Strong.

No fim do filme, o discurso de Moore ao receber seu Oscar faz todo o sentido: “continue estranho, continue diferente”.

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