Mombaça - Nossa derradeira fonte!

Cansado de ouvir a opinião dos “especialistas” que nada explicam, troquei o meu lazer deste sábado por uma visita às obras de canalização do Rio Mombaça. Tenho muito interesse nessa obra, pois ela espelha a qualidade de vida que terei no futuro.

Pelo que vi, imagino que dentro de algumas semanas as águas do Rio Mombaça entrarão pelos nossos canos e pelas nossas vidas.

Reconheço que não escolhi um dos melhores dias, pois no dia anterior choveu muito na cabeceira do rio e suas águas estavam barrentas.

Bem, parti de Itu às oito da manhã com o firme propósito de chegar a foz do Rio Mombaça. Entrei pelo Jardim Aeroporto, segui pela estrada do Pau D’alho, depois pela estrada das Sete Curvas, minhas velhas conhecidas. Fiz em 50 minutos o trecho de 22 quilômetros até chegar ao velho Rio Tiete, que margeia a estrada. Fiquei muito feliz porque todo esse trajeto (22,5 km) eu percorri sobre a rede de tubos que já estão enterrados ao longo de toda estrada municipal. Ou seja, em termos de implantação da rede de tubos falta muito pouco para fazer. Ainda assim a obra está sendo tocada num ritmo acelerado com máquinas, funcionários e técnicos trabalhando sem descanso em plena lama.

Lá chegando, sem nenhuma pressa, fui conversando com um e outro, aqui e acolá, e pude entender a real situação dessa importante obra.

Uma obra de canalização desse porte não se faz apenas com rede de tubos enterrados. É necessário ainda usinas elevatórias para que a água seja bombeada morro acima. Serão feitas duas: uma na barragem do rio e outra na metade do percurso.

Fato interessante é que a Estação do Mombaça será utilizada como reserva do atual conjunto de captação que, com uma chuvinha e outra, abastece totalmente a cidade. Então não dependeremos exclusivamente da Mombaça para termos água em nossas torneiras. Mesmo porque as nossos reservatórios que já recebem águas do ribeirão Braiaia, do Itaim e de outras bacias, tem uma capacidade limitada de armazenamento.

Na foto que ilustra esse artigo vemos o local onde será construída uma pequena barragem para captação da água do Mombaça. Causou tristeza ver que alguns metros a jusante desse ponto, o Rio Mombaça entrega suas preciosas águas à podridão do Rio Tiete, de quem é afluente.

O seu pequeno leito, de três a quatro metros de largura por um de profundidade deixa a falsa impressão de que ele transporta pouca água. Falsa impressão mesmo, pois ele tem uma vazão muito rápida. Assim é que medi a sua vazão e cheguei a 750 litros por segundo, isso é bastante água sim.

O cálculo de vazão de um rio é feito de forma muito simples. Basta marcar dois pontos em sua margem com 5 metros de distância entre eles. Em seguida, atirar na água uma folha e anotar quantos segundo ela levará para percorrer esse trecho demarcado. Então, identifica-se a profundidade e a largura médias. Pronto, agora é só multiplicar os números e teremos a vazão do rio em litros. Simples não é?

Entendi também que o Rio Mombaça é a nossa última fronteira. Isso mesmo, ele faz divisa com a cidade de Araçariguama na nossa fronteira Leste. Ele é, sem dúvida, a nossa derradeira fonte. Nas atuais circunstâncias não temos outro rio para retirar água.

Então meus caros leitores, muita atenção ao uso responsável da água. Evitemos o desperdício a todo custo, pois se esgotarmos essa nossa última fonte, morreremos de sede.