Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Cair e levantar. Alçar novos voos. Recuperar a glória perdida. “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”, novo filme do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, fala disso tudo e muito mais. O concorrente ao Oscar em nove categorias é uma grande paródia do mundo das celebridades, contendo uma forte crítica ao show business e uma atuação incrível de Michael Keaton.
Aliás, a história do filme parece uma biografia do ator. Keaton interpreta Riggan Thomson, um ator que fez muito sucesso no passado ao encarnar um personagem das histórias em quadrinhos – Birdman. Na vida real, o ator ficou muito conhecido por viver o icônico Batman nas telonas. Keaton e Thomson partilham outra característica: foram esquecidos após abandonar o papel de super-herói.
Querendo reaver o prestígio de outrora, Thomson decide dirigir, roteirizar e estrelar a adaptação de um texto consagrado para a Broadway. Investe todo o dinheiro que tem na peça e conta com a ajuda da filha Sam (Emma Stone), mas precisa cair nas graças de uma reconhecida crítica do jornal The New York Times para que a produção atinja o sucesso que espera.
Em meio a toda preocupação com a peça, como os ensaios e a substituição de um ator ruim por um de prestígio (papel de Edward Norton, que está excelente), Thomson tem que conviver com uma estranha voz fruto de seu subconsciente. Essa voz é de Birdman, que a todo o momento instiga o ator a recuperar a glória do passado – só que da pior forma possível.
A analogia usada por Iñárritu – um herói de asas para simbolizar o levante – é até de certa forma poética. O diretor ainda brinda o espectador com um falso plano-sequência – como se todo o filme tivesse sido gravado de uma vez só, usando apenas uma câmera. Além disso, o roteiro afiado provoca e questiona todo o glamour da indústria cinematográfica, que vem abdicando da arte para atingir cifras gigantescas.
No fim, “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” acaba sendo uma grande crítica de si próprio.