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Publicado: Terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Amores que nos roubam e amores que nos devolvem

Crédito: Fonte: Internet Amores que nos roubam e amores que nos devolvem

Existem na minha concepção, dois tipos de amor: o amor que nos rouba de nós e é claro, o amor que nos devolve a nós.

Para quem está em "estado de amor" raramente consegue diferenciar um tipo de amor do outro, mas, a verdade é que se observarmos bem, perceberemos que as diferenças são gritantes.

O amor que nos rouba de nós, é aquele que vai lentamente fazendo com que deixemos de ser nós mesmos e passemos a assumir a identidade do outro. Sem perceber, vamos anulando nossa personalidade, colocando em suspenso nossas vontades enquanto mentimos para nós mesmos que não há mal algum em fazer isso.

É um amor tóxico.

Um amor que nos faz abrir mão de nossos sonhos, aspirações e desejos caso eles não se enquadrem nos sonhos e desejos do nosso parceiro. Ele começa como todo e qualquer outro amor:. O frio na barriga, a vontade de estar perto, as ligações noturnas infindáveis, as trocas de mensagens e as promessas que infelizmente, raramente serão cumpridas. Ele pode durar meses, anos, e até uma vida inteira. Sim, uma vida inteira vivendo um amor que nos rouba de nós. Viver essa situação é mais comum do que imaginamos, há muitas e muitas pessoas por aí que estão "presas" em um relacionamento onde o passar dos anos fez com elas se acostumassem com suas próprias celas. Essas mesmas pessoas que um dia eram cheias de sonhos e aspirações, hoje, vivem apenas das lembranças de quem um dia foram, elas já não se questionam mais de como seriam suas vidas se as suas escolhas tivesses sido outras, se tivessem tido a coragem de em algum momento desses anos, voltar a trás e recomeçar, não, elas já não se permitem mais fazer tais questionamentos, porque elas foram roubadas delas mesmos e em seu lugar, apenas corpos que se movimentam, dão vida ao que restou.

E não há nada mais triste do que acreditar que esse tipo de amor é o verdadeiro amor. Porque o verdadeiro amor não aprisiona. Não retém. Não limita. 

O outro tipo de amor, aquele que nos devolve a nós mesmos, é mais do que o oposto disso, porque é aquele tipo de amor raro e verdadeiro, é o amor que nos faz ir adiante. Que nos incentiva. Que nos faz mudar. Que nos tira as algemas e nos faz acreditar que podemos ir além. É aquele tipo de amor que nos faz acreditar em nossos sonhos novamente, que nos faz sair da nossa zona de conforto e irmos em busca do que queremos, porque ele nos torna fortes, destemidas, decididas.

Ele nos resgata do amor que nos roubou.

É o amor que faz aflorar em nós, o que de melhor temos, ele trás à tona todas as nossas qualidades, faz com que nos reconectamos com quem fomos no passado para que possamos buscar naquela pessoa - nós mesmos -  tudo o que sonhamos e desejamos e que permitimos que o tempo tirasse de nós. Esse tipo de amor não faz exigências, embora faça com que tenhamos vontade de sempre estarmos perto da pessoa amada, ele não necessita de tal contato físico para existir. Ele simplesmente existe. Ele apenas chega de mansinho, como aquela garoa fina em uma tarde ensolarada e quando você se dá conta, você já está totalmente contagiada por ele, se sentindo uma heroína com super poderes, capaz de conquistar o mundo.

Aquele mundo que um dia você deixou que o outro tipo de amor, roubasse de você.


Mas, que atire a primeira pedra quem nunca, em algum momento, se permitiu, mesmo que inconscientemente, viver um amor que nos roubou de nós mesmos? Esse amor pode ter sido por uma noite, um mês, um ano, uma vida, não importa, o que importa é que nunca é tarde para encontrarmos o amor que nos devolve a nós, porque para que isso ocorra, temos que primeiro estarmos preparadas para as mudanças que esse amor traz. 

As mudanças que acontecem primeiramente, dentro de nós.

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