Colunistas

Publicado: Quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O Grande Hotel Budapeste

Crédito: Martin Scali O Grande Hotel Budapeste
Ralph Fiennes faz um de seus maiores papéis em "O Grande Hotel Budapeste"

O mais recente filme do excêntrico diretor Wes Anderson também pode ser considerado o seu melhor. E também um dos mais esteticamente belos dos últimos tempos. “O Grande Hotel Budapeste” – que concorre ao Oscar em nove categorias, incluindo Melhor Filme – é uma comédia espetacular, com uma grande atuação de Ralph Fiennes e um tom surrealista que vem se perdendo no cinema moderno.

O filme conta a história de um lendário concierge (Monsieur Gustave, vivido por Fiennes) em um famoso hotel na fictícia República de Zubrowka e sua amizade com um jovem empregado (Zero Moustafa, interpretado por Tony Revolori na juventude e F. Murray Abraham na velhice) que se torna seu protegido. Juntos eles vivem uma deliciosa aventura no período entre as duas grandes guerras mundiais.

Em “O Grande Hotel Budapeste”, Ralph Fiennes faz um de seus principais papéis. Ele incorporou com destreza o espírito surreal e pitoresco do filme ao interpretar um concierge dedicado ao hotel em que trabalha – dedicado até demais, fazendo até “serviços extras” como satisfazer sexualmente as hóspedes idosas. E é num desses “trabalhos” que M. Gustave se mete em uma grande confusão.

Para se livrar de uma enrascada que envolve o assassinato de sua ex-amante Madame D. (Tilda Swinton) e a briga da família por sua herança, o concierge conta com a ajuda de Moustafa, o garoto de recados do hotel que vira seu fiel escudeiro. Juntos eles têm de provar a inocência de M. Gustave no caso, enquanto passam por todas as mudanças que atingiram a Europa durante a primeira metade do século 20.

Só a divertida e instigante história já valeria o ingresso, mas o filme ainda é um grande tributo ao cinema de forma geral. Anderson brinca a todo o instante com o aspecto da tela, alternando de acordo com a década retratada na cena em questão. “O Grande Hotel Budapeste” também é esteticamente fascinante, trazendo elementos marcantes na filmografia do diretor e prestando homenagens às diversas obras que o inspiraram.

Além disso, “O Grande Hotel Budapeste” também se aproxima de outras formas de arte, como a literatura e o teatro. A começar pelo fato de que o filme reúne diversos atores que participaram de outros longas dirigidos por Anderson, lembrando uma verdadeira trupe teatral. Já na questão literária, o filme é repleto de diálogos que parecem ter sido retirados ipsis litteris de algum livro – além do fato que toda a história é conhecida durante uma conversa entre Moustafa e um escritor (interpretado num momento por Tom Wilkinson e em outro por Jude Law).

O roteiro caprichado e um tanto “maluco”, a divisão da trama por capítulos, as atuações pitorescas, os personagens caricatos, o uso de diversas técnicas e tudo mais que engloba “O Grande Hotel Budapeste” o transforma uma verdadeira obra de arte do cinema. Se fosse um quadro, o filme teria lugar de destaque em qualquer museu de prestígio.

Comentários