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Publicado: Terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Boyhood: Da Infância à Juventude

Crédito: Divulgação Boyhood: Da Infância à Juventude
Um dos grandes trunfos de "Boyhood: Da Infância à Juventude" é a atuação tocante do estreante Ellar Coltrane

O Globo de Ouro de Melhor Filme está em boas mãos: “Boyhood: Da Infância à Juventude”, do diretor Richard Linklater – também premiado na cerimônia realizada dia 11 de janeiro –, é uma das melhores e mais inspiradoras produções cinematográficas que já vi. E consegue tudo isso não com dramas densos, mas através da simplicidade. Tudo flui naturalmente na tela, fazendo com que o espectador “entre” de corpo e alma na trama.

O filme mostra a história, como o próprio subtítulo diz, da infância até a juventude de Mason (interpretado pelo estreante Ellar Coltrane), que é filho de pais separados. Gravada entre os anos de 2002 e 2013, a produção consegue mostrar o crescimento do garoto com maestria. Não bastasse o simples envelhecimento do jovem, também podemos observar a mudança nos elementos que constam em cena (como TVs e celulares), que ajudam a situar o espectador no tempo.

Recheado de diálogos divertidíssimos e emocionantes, o filme é uma verdadeira reflexão do que fazemos com nossas vidas. Cada momento de decisão de Mason faz com que reflitamos sobre as nossas próprias decisões ao longo dos anos. Qual faculdade fazer? Que profissão seguir? Namorar? Esses e outros questionamentos surgem no filme e aproximam ainda mais a trama ao espectador.

Um dos grandes trunfos de “Boyhood” é a atuação tocante de Ellar Coltrane. Como o filme foi gravado durante 12 anos, deu pra ver toda a evolução artística do jovem. A vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante, Patricia Arquette, que interpreta a mãe de Mason, também está espetacular. Ela consegue passar todos os conflitos e agruras que uma mãe solteira enfrenta para criar seus filhos.

Os demais integrantes do elenco principal – Ethan Hawke, que interpreta o pai de Mason, e Lorelei Linklater, filha do diretor e que faz Samantha, a irmã do protagonista – também merecem elogios. Hawke por interpretar muito bem um pai irresponsável que precisa amadurecer com o tempo e Lorelei por sua atuação quando criança – à medida que o tempo passa, ela fica menos expressiva. Mas nada que comprometa o filme, um dos aspirantes ao Oscar 2015.

Se você gosta de histórias que abordem crises existenciais, mas prima pela simplicidade, “Boyhood: Da Infância à Juventude” vai te agradar com certeza. Apesar de todas as questões mais profundas, a obra tem uma leveza única. Mesmo longo – tem mais de 2h40 de duração – o filme não consegue ser pedante, instigando quem vê a saber mais e mais sobre a história de Mason. Resta torcer para que Linklater resolva mesmo fazer uma sequência, mostrando a vida adulta do personagem.

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