O Smartphone, Platão e a Alegoria da Caverna
A adolescente de prováveis 14 ou 15 anos se absorve no Smartphone, enquanto a mãe a chama diversas vezes até ser ouvida.
-Que é, mãe? – Grita ela.
- Olha aí do seu lado, e vê se a árvore de natal acende.
- Tá – responde ela.
Com dificuldade a jovem arranca os olhos hipnotizados do aparelho, e os fixa na árvore natalina.
- Acendeu? – Perguntou a mãe.
- Sim. Não. Sim. Não. Ô mãe, para de tirar a tomada da parede! – Impacienta-se a filha.
-Não tô tirando não – devolve a mãe.
- Tá, sim. Agora apagou. Quando você põe na parede acende...
A bem humorada historia saiu do vídeo que recentemente rodou as redes sociais, e serve bem para ilustrar o comportamento de crianças, jovens e adultos mesmerizados pela tecnologia.
O Smartphone é um telefone celular com tecnologia avançada, que conecta redes de dados para acesso à internet, sincroniza dados como um computador, e possibilita o acesso às informações pessoais. Nos modelos mais sofisticados é possível processar gráficos em 3D para jogos, fotografar debaixo d’água, no escuro e em movimento. E o melhor: é pequeno e pode ser carregado para todos os lugares.
A fixação pelos tablets, smartphones e celulares se tornou cidadã com direitos garantidos. Na China e nos Estados Unidos, foram criadas faixas exclusivas para pedestres que usam os aparelhos. A calçada foi dividida para os que passam com ou sem o “apêndice”, para evitar acidentes.
A Alegoria da Caverna do filósofo grego Platão, é uma das mais poderosas metáforas para descrever a atual situação da humanidade.
O mito narra a vida de alguns homens que nasceram e cresceram dentro de uma caverna e que ali ficavam acorrentados - permanentemente voltados para a parede ao fundo dela. Nela contemplavam apenas o reflexo do que havia do lado de fora, sem jamais saberem da sua existência.
No virtual século 21, a vida acontece através das telas líquidas. Um dos grandes fabricantes de Smartphones com câmeras de alta definição garante que “as suas lembranças serão tão vibrantes quanto a vida real”.
Qual vida real?