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Publicado: Sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Mosaico português

Terá ficado no olvido da gente ituana, tantos anos se passaram, a marca de uma antiga lei municipal, aprovada na legislatura 1956/1959.

Por ser antiga tampouco, não fora revogada, vigente portanto.

Impunha a obrigatoriedade de que calçadas novas ou reformadas, fossem recobertas com o chamado mosaico português.

Se equivocada não estiver essa denominação, quer significar o uso das pedrinhas recortadas, de cores várias, a permitir a aplicação de desenhos no solo, em figurações alegres e inspiradas. Além de, do ponto de vista comercial, permitir legendas indicadoras das respectivas lojas.

Hoje, no quadrilátero histórico, ela é deveras encontradiça e até predominante mesmo. Um acatamento social do acerto da medida.

Ainda hoje, quando essas calçadas apresentam defeitos, prefere-se completar as partes faltantes e perpetuar assim sua aparência.

De raro em raro, entretanto, esse preceito legal é desconsiderado. Infelizmente e aos poucos, pode concorrer para o esquecimento da praticidade e decoração quanto ao uso de tal piso.

Importante, com foco nesse fato, é o de recordar e, com isso, reverenciar o autor da ideia, o então vereador Antonio Faustino Filho. Industrial, no ramo de torrefação e moagem de café. Tradicionais durante décadas, o bem aceito Café Popular e depois o Café Popular Faustino. Tudo no mesmo local, na esquina 21 Abril/Patrocínio, prédio ocupado posteriormente pelo INPS e agora sede ativa dos simpáticos afiliados da Terceira Idade, feliz idade aliás, como inspiradamente alguém assim proclamou.

Faustino, português de nascimento, doutra feita, numa de suas visitas além mar, trouxera de lá uma imagem de Nossa Senhora de Fátima, aguardada à noite com procissão de velas, desde a proximidade da ponte nova, anos cinquenta,  trecho à época ainda servido por estrada de terra.

Não será demais, desde que já se abriu a tampa do baú – ou da arca – há de se dizer que a Câmara Municipal se compunha então de dezenove vereadores, sem qualquer remuneração. Tratava-se de um órgão respeitável. Na oposição, de rigor, não mais que três edis.

A certa altura, sob o não atendimento de que o Executivo deixasse de realizar obras para só depois de prontas apresentar o respectivo projeto de lei, houve uma reviravolta dos descontentes, que motivou a ida para a oposição de preclaros e inatacáveis membros, Faustino um deles.

Para que se tenha ideia do plantel desgostoso, eis os nomes dos demais preclaros senhores, coesos, competentes e incansáveis: Dr. Felippe Nagib Chebel (ex-Prefeito), Dr. José Leite Pinheiro Júnior, Luiz Guido, funcionário da Cia. São Pedro e José Palma Ariza, espanhol radicado em Itu e próspero industrial no ramo de cerâmica.

Os tempos eram outros.

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