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Publicado: Segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A força da grana

Oi!

Final do ano, as pessoas já não sabem mais o que fazer, para vender, para estimular a compra...além dos Black Fridays e das árvores do Papai Noel. Mas depois de muitos e muitos anos, há quem comece a achar que Novembro é muito cedo para árvores de Natal. Esqueceram de avisar o comércio. Divertido: Já importamos o Halloween, o Thanksgiving ainda não. Muito divertido o fato de o Black Friday ter chegado ao Brasil, porque nos EUA é a sexta feira que emenda no feriado no qual se começa a desenvolver os desejos de consumir. Não neste ano, porque em 2014 o inverno naquele país já começou, mas em geral começa a esfriar e as pessoas começam a se interessar por um novo guarda roupa de inverno...e como liquidação chama liquidação....tudo entra na dança. No Brasil, menos, mas escreve liquidação na vitrine e pronto. Pobres comerciantes, que não conseguem vender as coisas pelos preços originai e aí.... Até há poucos anos, depois de acordar pós comilança e televisão, os americanos iam disciplinadamente, com lista na mão, comprar tudo...a partir da sexta pela manhã. Com o comércio eletrônico, as lojas físicas começam a ficar carentes porque muitos desistem de sair de casa e....começam a chamar clientes no meio do feriado. Eu me lembro da época em que feriado e domingo eram considerados dias de descanso...hoje não descansam nem consumidores nem vendedores...tudo depende de onde você mora, claro. Na minha vizinhança, por exemplo, muuuita coisa abre regularmente aos domingos (e partir da semana que vem, mais coisa ainda....). No local de trabalho uma pessoa pendurou um Papai Noel e foi criticada porque ainda não era o momento. Eu decidi não discutir que não é para misturar as meu comemorações religiosas e as do consumo.

Seja como for, outro dia, quando estava até fresquinho pela manhã, fui atravessar a Avenida Paulista por volta das 08:00 quando vi na ilha central algumas pessoas em trajes de banho e guarda sol. Pensei alguns momentos como descobrir de que se tratava e encontrei uma boa abordagem: perguntei em que praia eles estavam e me disseram...que era a praia de um supermercado...fiquei com pena. Frio, poluição, trânsito...e quando o farol ficava vermelho eles iam para o meio da faixa de pedestres. Como é difícil fechar o mês...

E entrando no clima de final de ano, no meu caminho para casa passo agora por uma loja de produtos para animais (acho que em geral de estimação, como não tenho nem os animais nem o interesse, nunca entrei, mas sabia que essa loja não costumava fica nos Jardins...agora abriu por aqui). E vi na vitrine (!!!) um panetone canino...pelo menos, o que vi era de tamanho pequeno. E fiquei pensando que conheço gente cujos animaizinhos estão um tanto gordinhos...comem ração light e são levados a fazer exercícios de maneira mais intensa. Será que eles se tornam viciados em gorduras trans? Em chocolates? Ou como algumas de nós, “não comem nada e têm tendência para engordar”? Aliás, ia dizer que isso não acontece, que animais domésticos não assaltam geladeiras, mas lembrei que alguns assaltam prateleiras e tampos de mesa.

E falando em coisas caras (porque certamente esses panetones e outras guloseimas não hão de ser baratos) me pergunto por que tanta gente faz tanta fila na frente da sorveteria Ben and Jerry´s aqui na Oscar Freire. Logo que abriu, um domingo de manhã havia uma fila descomunal e descobri que estavam dando sorvetes grátis. Mas todos os finais de semana seguintes a fila continuava e era para comprar...o sorvete lá não é barato (é praticamente uma tabela, que vale mais ou menos para todas as sorveterias do local, das melhores e das não tão maravilhosas, de picolés e de massa, de sorvetes ou de yogurths) e mesmo assim eu me pergunto afinal quantos sorvetes eles precisam vender por dia para conseguir pagar o aluguel da minha região..Em Paris (sim, em Paris) conheço uma sorveteria dessa marca perto do Boulevard Saint Germain e nunca vi fila. Em Lisboa há uma no caminho entre o Chiado e o Príncipe Real, tampouco vi movimento assustador na sua frente. Pior é que consta que o consumo per capita de sorvete no Brasil é infinitamente mais baixo que na Europa. Nunca vou entender. Se bem que os filmes e seriados americanos estimulam o consumo dessa marca...e até de uma forma que não era a habitual aqui, nos potes.

Tudo o que conseguimos aprender a consumir: macarons, cupcakes, cronuts (tudo se em estrangeires. Um amigo notou que eu ando criticando anglicismos, embora os use...mas afinal como viver neste mundo sem usá-los?). E estranhamente, na rua Augusta, que foi um ícone do consumo aqui em SP, vejo pichações nas quais está escrito e o consumismo acaba o planeta. Na Paulista, vi pichado que os cupcakes são uma forma de cobrar mais por um bolinho. E a moda de hoje é vender bolos caseiros. É sim, um contrassenso...a idéia é nos convencer de que foi a vovó que fez...

Mais amor e menos consumo...bom final de novembro e bom início de dezembro!!!!!

Muitos beijo e ótima semana, consumindo pouca água.

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