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Publicado: Terça-feira, 21 de outubro de 2014

Malévola

Malévola

Fazer adaptação de um dos maiores clássicos tanto do cinema como da literatura é uma das coisas mais difíceis e também perigosas de se fazer. Principalmente se você mudar a óptica e passar outra visão sobre aquele universo.

Em Malévola o novo “live-action” da Disney o estreante diretor Robert Stromberg, consegue agradar os fãs com uma história até que fácil da vilã Malévola (Angelina Jolie) com uma ideia de que ninguém nasce mal, você se torna vilão. Mas o que ele introduz de fato é que na verdade ela sofreu e decidiu não confiar em ninguém. A narração no começo do filme ajudou a guiar os espectadores e também introduzir o personagem principal, o conflito e o terreno do próprio filme. 

Malévola, é uma fada que vive em outro reino diferente dos humanos. Ela nunca teve contato com nenhum deles, até que um dia ela conhece Stefan (Sharlto Copley) um menino que invade a terra dela para explorar. Um ponto de vista interessante é como a narração mostra uma coisa e as próprias atitudes do garoto são outras. O fato de sempre vermos o ponto de vista dela, talvez confunda as coisas por causa disso. Mas o fato de Malévola ser desiludida e traída faz com que ela comece a odiar todos fora de sua floresta. Então ela começa um plano de vingança.

O roteiro da já veterana Linda Woolverton que escreveu para filmes como o “Rei Leão”, “Mulan” e “A Bela e a Fera”. Apresenta aqui uma idéia até que fraca e sem grandes surpresas para o filme. Prevalecendo a idéia de que ninguém nasce mal, de fato, tirou todo o carinho da produção antiga em que podemos ver ou identificar uma maldade consolidada. Mas o pior erro em minha opinião é o desenvolvimento dos atores em cima dos atos, nisso falo do resto do elenco como Stefan que agora é rei, e sua filha Aurora (Elle Fanning). Como conhecemos Malévola, pela história que crescemos ouvindo, ela lança uma maldição e faz com que no décimo sexto aniversário de Aurora, a menina vai se picar numa roda de fiar e assim vai cair num sono eterno e só despertar com um beijo de amor verdadeiro. 

Com medo, Stefan confia em três fadas “boas” para tomar conta de sua filha, e a levam para que fique aos cuidados das fadas. Nisso vemos através da própria vilã que ela não é má, já que ela começa a ter uma afinidade pela criança até chegar a sua fase “adulta”. Mas quando Aurora descobre a verdade, não vejo uma ligação do porque ela ter uma afinidade com o rei, e Stefan ainda tem uma queda ou fetiche por Malévola ao ponto de ser obcecado por ela. Alguns furos no roteiro prejudicam algumas coisas do filme.

Os pontos que abordo e que enriquecem a trama são as atuações do atores que estão muito bem exploradas, principalmente de Angelina Jolie que está muito performática em tela e muito expressiva. Os olhares dela em certas atitudes que mostram no filme são muito bem executadas e filmadas no momento certo. Aproveitando o máximo suas atuações, o que mais impactou mesmo na trama são os efeitos especiais e a direção de arte que mostra o esmero que tiveram em todos os detalhes do filme. A parte técnica realmente compensa a falta de um roteiro eficiente.

O filme vale a pena pela coragem de mostrar uma nova versão e também se apoiar com o mundo de hoje, onde mostra uma princesa que não precisa de um “Príncipe encantado” em sua vida, e que pode ser auto-suficiente também. Gostei disso no filme para essa nova geração, como fizera em “Frozen” e também como devem fazer em novas adaptações. Uma coisa boa para desapegar do obvio e mostrar novas possibilidades de “amor verdadeiro”. Mas o que realmente faltou além de um fundo de moral enorme é o fato de não ter uma boa história, e só atores ótimos interpretando algo que poderia ser louvável.

 

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