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Publicado: Terça-feira, 26 de agosto de 2014

Sabrina - 1954

Sabrina - 1954

Billy Wilder foi um dos melhores diretores que o mundo já viu sem sombra de duvidas. Talvez possamos endeusar ele com a mesma perspectiva que temos com Stanley Kubrick, Alfred Hitchcok e até Blake Edwards um diretor que viveu para a comédia. É raro ver filmes como de Blake que conseguia ser de um humor pastelão e até algumas vezes bobo, mas não perdia a classe das piadas em momento nenhum. E isso é uma das melhores qualidades também de Billy Wilder, um diretor até polemico, mas conseguiu lidar bem com o drama e o humor. Como filmes que vão ao extremo do pastelão que é o caso de “Quanto mais quente melhor”, filmes críticos que são verdadeiras obras primas como “Crepúsculo dos Deuses”, “Farrapo Humano” e “Pacto de Sangue”. Billy Wilder apresentava um cinema variado da maioria dos diretores do seu tempo e até de hoje em dia, talvez podemos compará-lo aos irmãos Coen.

Em Sabrina um filme que ele dirigiu e escreveu. Wilder apresenta elementos que o seguem em sua carreira toda, como o uso da luz para dar um detalhe a historia ou a personalidade do ator, e também sua marca registrada a narração, o uso da fotografia em preto e branco e falas rápidas e inteligentes para os seus personagens, e claro a direção de arte que é maravilhosa nesse filme.

Sabrina tem um roteiro até que simples, mas muito bem explorado que é a história basicamente de uma moça que fica dividida no amor de dois irmãos. Linus que é interpretado por Humphrey Bogart, à escolha de Bogart para o papel é uma má escolha, já que ele fica com a mesma cara e expressões o filme todo, faltou carisma para ele e sua curva dramática é péssima. Também temos o outro irmão que é David (William Holden), ele é totalmente indiferente no filme. Um irmão é oposto do outro, enquanto Linus cuida das empresas da família e vive para o trabalho, David é um playboy que já se casou três vezes e vive para festas e para ser rico, não assumindo nenhuma responsabilidade. E claro não podemos deixar de falar de “Sabrina” a peça fundamental do filme, Audrey Hepbrun é o coração de tudo, nem por ser a protagonista do triângulo entre os irmãos, como também o carisma em pessoa. Ela consegue roubar a cena em tudo. Sabrina é filha do chofer da casa e ela não é percebida por ninguém e isso faz com que se desespere já que ela possui sonhos, mas é podada pelo seu pai e é invisível para David, sua grande paixão. Ela fica atormentada quando ela vê que ele leva uma mulher para a quadra de tênis e dança com ela. Com uma viagem marcada para Paris, seu pai tem como esperança que ela tome juízo e esqueça seus sonhos e que tome uma decisão certa na vida. Sabrina vai para Paris e fica dois anos lá e se forma numa escola de culinária, mas ainda ela não consegue esquecer David e isso atormenta. Então Sabrina conhece um barão que lhe ensina como se comportar e virar uma mulher totalmente diferente.

Essa quebra de realidade é essencial no filme, mas quando Sabrina retorna para a mansão ela reencontra David, ele não a reconhece. Mas aos poucos ele percebe o quanto Sabrina mudou e amadureceu fazendo com que David se apaixone de vez por ela. O que achei muito legal na historia é como padrões e até de certa formar as classes sócias imperam no filme. Toda hora David e Linus são lembrados quem ela é, e suas posições sociais naquela pequena sociedade, mas ao mesmo tempo eles repetem o filme todo estamos no século 20 (Já que o filme é de 1954), mas mesmo com todo esse avanço “social”, aristocracia ainda é forte, ainda mais numa sociedade onde estava recolhendo os frutos da segunda guerra mundial e o auge do “American Way of Life”, então era quase impossível na posição social dos irmãos aceitarem um romance como aquele. Mas o destino apronta, principalmente com Linus que se vê apaixonado por Sabrina, e o gozado que quando finalmente ele deixa se levar por esse sentimento é em uma cena que Linus corre atrás de Sabrina e quando ele sai do escritório as portas se abrem para magicamente, é como se um novo mundo aparecesse para Linus.

O filme apesar de ter essa áurea de conto de fadas, é muito fraco considerando os outros filmes de Billy Wilder, principalmente na parte final. Os personagens têm uma construção ótima no inicio e meio do filme, mas o final é totalmente rápido e desmotivador, como se num passe de mágica tudo se resolvesse. Mas claro que isso não tira o brilhantismo de algumas situações e atuações, principalmente de Audrey que leva o filme sozinho nas costas. Realmente um encanto e um charme, um tipo de “persona” que está em falta no cinema mundial e até no mundo, e mais em falta está ainda é a “elegância”, uma coisa que esse filme ou até essa época tem de sobra, bem que poderíamos regressar com isso pelo menos né? 

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