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Publicado: Segunda-feira, 28 de julho de 2014

Dear Mr. Watterson

Dear Mr. Watterson

Quando se é jovem e perdido poucas coisas te identificam. Dificilmente você vai encontrar alguma mensagem na televisão como desenhos de heróis, ou filmes com pessoas super populares que mostrem o que você está sentindo. Se você é jovem, ou melhor, uma criança perdida talvez você crie seu próprio mundo para encaixar algumas peças que faltam. É difícil ser o excluído da escola, ou o irmão mais novo ou até a criança mais nova do bairro, você sempre se sente deslocado. E “Calvin e Haroldo” surgiram de certa forma para crianças de todo o mundo que se identificam com eles.

“Dear Mr. Watterson” é um documentário independente que se formou por uma série de entrevistas que começaram em 2007 e aos poucos e com financiamentos certos, ele foi crescendo até se tornar esse documentário, no qual o diretor Joel Allen Schroeder segue os passos de pessoas que se sentem influenciado pela obra de Bill Watterson, ele também segue os passos do quadrinistas até sua cidade natal até seus primeiros trabalhos, e suas idéias contra a indústria do marketing que contamina a “pureza” das obras em quadrinhos, coisa que ele defendia dizendo que elas também são obras de arte.

Uma das coisas que mais achei legal nesse documentário são as declarações de pessoas comuns em frente à obra de Watterson, de como elas os ajudaram em momentos difíceis, ou como é crescer sendo diferente. Eu me vi nesses entrevistados, principalmente na parte de ser deslocado, mas ao contrário dos entrevistados, nunca gostei muito de “Calvin e Haroldo”. Sempre me senti interessado por “Tin-Tin”, “Garfield” e “Asterix”, por serem personagens que de certa forma tive um contato primeiramente com a televisão e depois com os quadrinhos. Talvez seja por isso que nunca senti uma atração em conhecer o Calvin e o Haroldo, mas depois desse documentário e claro com as convicções que tenho hoje, vejo a importância deles não só em nível nacional, mas sim de internacional. É incrível como uma coisa simples, que é um garoto usando sua imaginação para escapar da realidade comove tantas pessoas. Talvez seja por isso que o criador das tirinhas Bill Watterson seja contra a publicidade exacerbada em cima deles e tenta de certa forma manter a pureza de sua obra.

O documentário claro tem seus defeitos como de dividir esse “sentimento” dos quadrinhos nas pessoas e ao mesmo tempo desmascarar o mito de Watterson, já que ele é uma pessoa reclusa. E também achei interessante como Joel respeita o autor, e não mostra um documentário apelativo dele tentando invadir a vida privada de Watterson e só ir mostrando seu legado.

Realmente uma boa obra para quem é fã de “Calvin e Haroldo” ou é marinheiro de primeira viagem e está entrando nessa obra pela primeira vez. Infelizmente o filme não tem em locadoras, mas está disponível na Netflix. Um bom documentário e uma obra valiosa pela mente desse autor impressionante. Vale a pena ver e se emocionar com a simples história de um garoto com uma imaginação incrível e seu fiel e amigo tigre falante.

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