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Publicado: Sexta-feira, 11 de julho de 2014

Imagina na Copa

Crédito: Denise Lícia Imagina na Copa

 

 

Imagina na Copa. Ouvimos essa frase à exaustão nos últimos meses. Mas nada do que “previmos” poderia ser mais diferente do que vivenciados nas últimas semanas. Desconsiderando toda questão político-partidária e tudo o que aconteceu dentro de campo, falo aqui de ambiente internacional. O medo inicial, de que a falta de preparação, a política, as manifestações e tantas outras questões que nos faziam (pelo menos) pensar: “ai, imagina na Copa?”, não só não se comprovaram, mas como foram percebidas como um fator de sucesso.

Sim, sucesso! Objetivos alcançados! A função de um evento internacional desse porte é promover o país sede no Sistema Internacional. Mostrar a cultura, as tradições, o estilo de vida e os pontos positivos de visitar, investir ou até mesmo mudar-se para o país sede. Independentemente de quem ganha a competição. Independentemente de quem está no governo do país. Turistas estrangeiros foram à loucura com as festas juninas do quentão e da canjica, com cozinha, com pastel, com milho verde, com o arroz e feijão, com pão de queijo, então…. uma loucura total! Viram diferenças de costumes, como o hábito brasileiro de abraçar, de se cumprimentar com beijo no rosto, a acolhida e o sorriso farto do brasileiro. Bairros boêmios, como a Vila Madalena em São Paulo, fervilhou de brasileiros e estrangeiros, em um clima de festa contínua, torcida e intercâmbio de culturas.

Até mesmo a falta de organização brasileira, a falta de pontualidade, o já conhecido desconhecimento do inglês e, outra preocupação importante, a já conhecida violência policial foram abafadas pela alegria, pela espontaneidade, pela disponibilidade que o brasileiro tem de ajudar o “gringo”, de mostrar os caminhos, sugerir pratos deliciosos de nossa culinária.

Essas questões contribuem para a construção de uma imagem positiva, apresenta, não somente aos turistas, mas a todos os que estavam em seus países acompanhando a Copa pelas redes de televisão, um dos principais traços da personalidade do brasileiro: a facilidade de estabelecer relacionamentos. E é justamente essa facilidade que se transforma em grande oportunidade de negócios. Com a crise, as empresas internacionais - e brasileiras também, claro! - querem incrementar suas vendas, que se tornaram mais difíceis em todos os segmentos. O papel do vendedor se tornou ainda mais fundamental. 

A facilidade de construção de relacionamentos, a espontaneidade e a abertura para o diferente são características que o bom vendedor deve saber cultivar. Muitos nascem com esses dons, mas para grande alívio de muitos, é possível desenvolver. Ler sobre o assunto é um bom começo, estudar, treinar e, sempre, "dar a cara a tapa”.Essas atitudes ajudam a desenvolver a habilidade - bem brasileira - da conversa, do relacionamento e da abertura. Essas características estão em falta no mercado. Observe bem nos anúncios de emprego. Mas estão em falta aqui e lá fora. Estamos passando por uma janela de oportunidade, e bem familiar aos nossos hábitos e costumes. Lembrando sempre que uma regra importante é procurar se imaginar no lugar do outro. 

Aí encontramos uma característica em que o brasileiro precisa se aperfeiçoar: a alteridade. Colocar-se no lugar do outro, que tão bem nós soubemos fazer para acolher os estrangeiros em nossas cidades, nas festas ou nas praias, não aconteceu nas torcidas. É verdade que os acontecimentos foram poucos, mas jamais poderiam ter acontecido. Agressões contra torcedores estrangeiros, bandeiras nacionais queimadas após a derrota para a Alemanha e brigas e confusões nos estádios. O pior de todos foi no jogo contra o Chile, em que a torcida brasileira vaiou o hino do adversário. Comportamento infantil de quem não sabe brincar, não sabe recepcionar e egoísta. Comportamentos assim criaram manchas ao comportamento do brasileiro na Copa. 

Ainda temos mais um jogo envolvendo o Brasil e o jogo da final. O Brasil ainda tem a chance de mostrar que é um bom anfitrião, apesar de tudo.

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