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Publicado: Quinta-feira, 10 de julho de 2014

A mão à palmatória

Ainda antes de ir ao tema desta crônica, que há de ser breve, nesta manhã, (10.7), no salão da simpática Dona Helena no bairro São Luís, ouviam-se queixas e mais queixas das donas de casa, às voltas com o drama da falta de água.

Uma das senhoras, moradora em condomínio, lamentava também que na madrugada tinha havido corte de energia, a impedir-lhe de saber o desfecho de um filme, algo de menor importância, além do risco da perda de alimentos e até de dano a aparelhos elétricos. E aduzia: mudei-me para Itu há catorze anos, mas fico pensando...

E agora, o assunto propriamente dito: futebol.

Cumpre sim dar a mão à palmatória diante do merecido desfecho da Copa do Mundo de 2014, a ferir-se no domingo, entre as equipes da Alemanha e da Argentina. Num Maracanã em que, em sua própria casa, o Brasil nem chegou a jogar. Temeroso, bandeou-se para as arenas mineira e cearense. Superstição?

Brasil e Holanda, na fase final, os perdedores.

Enquanto a Holanda caiu de pé, com hombridade e denodo, o Brasil amarelou em cores até mais fortes do que as de sua própria camisa.

O Brasil se desmantelou.

Agrava mais o desapontamento, saber-se que tenham acontecido surpresas sem fim durante o torneio, quando equipes dadas como frágeis agigantaram-se diante das poderosas. Não há como esconder o irreparável fiasco do Brasil.

O brasileiro, na maioria e bem a seu talante, reage com piadas sem fim para disfarçar o malogro nacional. Entretanto, não consola. Esse peso e essa marca, pior do que a do Maracanã em 50, pespega-se para sempre. Os pequeninos, mais ainda, levarão essa desdita na alma vida afora.

Futebol é de si surpreendente e imprevisível em seus resultados, do contrário nem seria um jogo.

Entretanto, a cegueira não pode reger campeonatos na modalidade internacional, em que o nome de um país fica vilipendiado. Incompetência dos dirigentes, sim senhor. Total.

Tudo isso, afora a realidade de que uma equipe genuinamente brasileira em dias de hoje não tenha realmente o mesmo poderio das de outrora. Na contraposição de uma prática evoluída e moderna no exterior, o Brasil por aqui só confiou na sua tradição.

Ademais, o outrora celeiro de craques vive mesmo uma sombria estiagem.

Aos meninos brasileiros mandados a campo, com enorme alteração de nomes e posições, não se pode atribuir nenhuma culpa. Em face da preparação e orientação equivocadas por parte do clã dirigente, comissão técnica, terão se sentido mais perplexos do que confiantes. Desarvorados.

Ignomínia nacional.

Recomponha-se o futebol brasileiro pois, dentro dos seus atuais e verdadeiros  limites. Um descanso para a mania de grandeza. Pés no chão.

Sobra ainda uma palavrinha, desde que o enfoque é ao mesmo tempo passageiro mas abrangente. No esporte dito bretão, pênalti, de rigor, é falta cometida pelo adversário dentro dos limites de sua pequena área. Seja ou não convertido em gol, ocorre o tiro livre.

Ora, se depois de extenuantes noventa minutos do tempo normal acontece um empate, o normal seria efetuar-se uma segunda partida. A persistir o empate, busque-se a diferenciação pelas mais diversas ocorrências: menor número de faltas, menor ocorrência de escanteios, expulsões, cartões e que tais.

Cobrança de pênaltis, seria expediente só permitido na duração do tempo normal.

Finalmente, quem não sabe que o jogo de sábado, a busca do terceiro lugar, não entusiasma ninguém.

As esquadras obrigam-se ao mero cumprimento de tabela.

Em suma, tomara que chova um pouco e as luzes não se apaguem.

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