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Publicado: Domingo, 20 de abril de 2014

Você é um professor eficaz ou eficiente?

Você é um professor eficaz ou eficiente?

            Está aí uma resposta difícil e por isso convido o leitor a pensar comigo e tirar suas próprias conclusões.  Vamos começar nossa reflexão com a definição de ambos os termos:  Eficaz / Eficiente.

            Segundo Paulo Krieser, mestrando em Administração de Empresas pela USP e Graduado em Ciência da Computação pela UFRGS:  “Para fins de analogia e exemplificação, podemos dizer que a eficiência é cavar, com perfeição técnica, um poço artesiano; eficácia é encontrar a água.”

            Transferindo a definição para o nosso tema, sobre o professor em si, inicio pensando no professor “certinho” e naquele que de fato funciona, ensina, desenvolve, marca a vida do aluno.  Entretanto, não se engane!  Um não exclui o outro, evidentemente!  Tem sido em torno de 30 anos de experiência em contato com a educação de crianças e jovens e, nessa caminhada, tenho encontrado ambos: os professores eficientes e os eficazes sendo que, infelizmente muitos ineficientes e ineficazes. 

            O professor eficiente é o que segue todas as regras da escola, o programa a ele conferido, faz a chamada, revisa conteúdos, elabora boas atividades, enfim, cumpre de forma eficiente todas as suas atribuições. 

            O professor eficaz é o que consegue resultados efetivos!  É o que se importa com a aprendizagem e bem estar de seus alunos.  Seguem alguns exemplos para facilitar o entendimento:

            Professor eficiente:  recebe um programa, lê, planeja a aula.  Segue rigorosamente os passos de sua aula.  Planeja e aplica avaliações, cumpre com prazos.  Usa o mesmo planejamento e técnicas para todas as turmas.  Canta músicas, lê histórias, realiza experimentos ou o que for relativo à idade e programa de sua turma.  Mantém sua sala em ordem, atende às expectativas da Direção Pedagógica.  Deixa a escola e recomeça o ciclo.  O professor eficiente transmite conhecimento e seus alunos aprendem (ou não). 

            Professor eficaz:  recebe o mesmo programa, estuda, analisa, imagina sua sala de aula, preocupa-se em como fazer, que estratégias usar para envolver seus alunos com aquele conteúdo.  Preocupa-se com os alunos que prontamente atendem às expectativas e, principalmente, com os que certamente terão dificuldades.  Ele tem o “passo a passo” de sua rotina escolar, mas ao planejar adéqua esses passos ao tempo de concentração da classe, à realidade diferente de cada turma.  Auto avalia-se a todo instante, bem como a seus alunos.  Checa se as estratégias estão de acordo, se o programa em si aplica-se para cada realidade, se os alunos respondem ao novo aprendizado.  Mantém registros de sua própria observação.  Olha para os alunos como seres individuais, percebe reações de cada um de do grupo.  Sua sala de aula é mantida de forma apropriada para a aprendizagem, tanto em relação ao apelo visual quanto aos materiais a serem manipulados e utilizados para enriquecimento da turma.  Diverte-se ao ler histórias, cantar músicas, sempre dá um brilho a mais para os olhos curiosos de seus alunos em experimentos, envolve a todos com o prazer pela conquista do aprendizado.  Também cumpre prazos, vai além das expectativas da Direção Pedagógica.  Deixa a escola revivendo cada minuto, avalia-se novamente, programa-se para o próximo dia, estuda a matéria, prepara-se, preocupa-se e elabora estratégias para certificar-se de estar atingindo a todos os seus alunos.  Acima de tudo, o professor eficaz provoca a curiosidade dos alunos!  O professor eficaz acompanha resultados aula a aula.  Participa da construção, observa o desenvolvimento, o funcionamento da construção do conhecimento!

            Resumindo, “eficiência não comprova eficácia” (Jim Leary).  Ou seja, o professor eficiente dá a aula, não necessariamente atinge os objetivos a ele conferidos.  O professor eficaz é o que atinge objetivos ou, ao menos, faz tudo o que estiver ao seu alcance para atingi-los.  Muda estratégias, pesquisa, vai além de seu próprio conhecimento, não se conforma com a horrível frase popular “eu finjo que ensino e eles fingem que aprendem”.  Em suma, “Eficácia é comprovada pelo alcance do aluno em sua aprendizagem e não pela eficiência do professor” (Jim Leary).

            Qual é a diferença entre eles?  Um é eficiente e o outro é eficaz.  Um é professor e o outro é educador, respectivamente.  Conforme Rubem Alves,  a diferença entre professor e educador é definida entre um e outro em seu livro “Conversa com quem gosta de ensinar”.Neste livro Rubem Alves enfatiza: “professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.” Professor, segundo o autor, são como eucaliptos plantados por um motivo, enfileirado, descartável e com uma finalidade meramente comercial, econômica, trata-se de um funcionário de uma instituição submetido ao ritmo do sistema e ao tempo das máquinas. Educador por outro lado são como jequitibás, belos e raros; definidos pela suas paixões, sonhos e esperanças. O mundo mudou: jequitibás foram ao chão e em seu lugar foram plantados eucaliptos. Educadores deixaram de existir, em seu lugar professores. 

            Não quero concordar com Rubem Alvez quando diz que Educadores deixaram de existir.  Quero e preciso, como Educadora, acreditar que os Educadores estão todos aí, esperando pelo grande momento em que irão despertar seus alunos para a imensa responsabilidade e alegria de compartilhar, provocar, assistir a construção da sociedade!  Nota importante:  muitas vezes esse momento da transformação de professor eficiente para eficaz depende de uma Coordenação ou Direção Pedagógica eficaz!

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