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Publicado: Sábado, 22 de março de 2014

Azul é a Cor Mais Quente

Azul é a Cor Mais Quente
Adèle e Emma, protagonistas do polêmico romance

Um dos filmes mais comentados na atualidade é o francês Azul é a Cor Mais Quente. Ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes, o longa baseado nos quadrinhos de Julie Maroh ganhou destaque por conta das cenas de sexo explícito protagonizadas pelas atrizes Adèle Exarchopoulos (Adèle) e Léa Seydoux (Emma). Ou seja, um romance lésbico.

A temática homossexual do filme causou revolta e protestos de classes conservadoras. No Brasil, Azul é a Cor Mais Quente não terá versão em blu-ray porque as replicadoras se negaram a produzir as cópias alegando que não poderiam por causa do conteúdo. Uma bobagem sem fim. Mas neste texto pretendo analisar a obra, não a repercussão equivocada e homofóbica.

O filme não é tudo isso que pintam. Extremamente lento, Azul é a Cor Mais Quente tem cenas dispensáveis (incluindo algumas das polêmicas de sexo). São três maçantes horas, que poderiam ser facilmente reduzidas para 1h45. Apesar do tamanho, o filme ainda consegue deixar muitas pontas soltas com histórias que começam e não terminam.

Preocupado em mostrar a intimidade do relacionamento entre Adèle e Emma, o diretor Abdellatif Kechiche “esquece” de abordar com mais profundidade temas mais interessantes como a homofobia. Ok, ele quis banalizar o romance delas, mas um tema como este não pode ser deixado de escanteio - ainda mais no momento em que a humanidade vive, onde o preconceito contra os homossexuais parece mais forte do que nunca.

O brilho do filme está mesmo na química entre as protagonistas. Os diálogos entre uma jovem Adèle ainda insegura que descobre sua sexualidade com a madura e determinada Emma fluem naturalmente - diferente das cenas de sexo, em que as garotas parecem desconectadas do resto do longa.

Em síntese, Azul é a Cor Mais Quente é aquele tipo de filme bom, mas que acaba sendo inflado e ganhando um destaque maior que o merecido por conta da temática abordada - lembra de A Paixão de Cristo, do Mel Gibson? Apesar de tudo, recomendo que assista - sem julgamentos e com o som baixo, porque os gemidos das garotas podem assustar os vizinhos.

PS: a trilha sonora do filme é muito boa. Mistura sons latinos com rap árabe. Destaque para a música “On lâche rien”, de HK & Les Saltimbanks.

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