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Publicado: Terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Lobo de Wall Street

O Lobo de Wall Street
DiCaprio interpreta Jordan Belfort de forma espetacular

Quem nunca sonhou em ser rico? Todo mundo, ao menos uma vez na vida, se imaginou deitado em uma montanha de dinheiro podendo fazer o que quiser. Com Jordan Berlfort não foi diferente. O ambicioso corretor da Bolsa de Valores de Nova York, após enfrentar em seu primeiro dia em Wall Street a “Segunda-feira Negra” – quando as ações caíram em mais de 22% –, percebeu uma oportunidade de enriquecer facilmente e transformou o sonho em realidade.

Interpretado de forma espetacular por Leonardo DiCaprio em O Lobo de Wall Street (novo filme de Martin Scorsese), esse peculiar personagem não se satisfez apenas em ganhar dinheiro de forma fácil: quis viver uma vida cheia de excessos – o que acabaria sendo sua ruína também. O dia a dia de Belfort era recheado de prostitutas e das mais diversas drogas possíveis.

DiCaprio conseguiu neste filme (que se baseia nas memórias do próprio Belfort) criar um personagem incrível, de múltiplas facetas e emocionalmente surtado. Aliás, O Lobo de Wall Street é um surto completo – o que me faz pensar que as drogas consumidas em cena eram de verdade... Do começo ao fim, Scorsese mostra ao espectador o quão podre é o meio da corretagem de valores e como seus peões são pessoas, de certa forma, asquerosas.

Mas, como tem sido padrão nos filmes e séries da atualidade, Jordan Belfort é um anti-herói. E, mesmo com todos os seus erros, é impossível não se identificar com ele – pois, como escrevi no começo, todos compartilham do mesmo sonho. Então, todos os atos descabidos passam a ser “justificados” como necessários para que o sonho se torne verdade – mesmo com todas as barbaridades praticadas, que vão do consumo desenfreado de drogas até agressões a segunda esposa (interpretada pela bela Margot Robbie).

Com algumas das cenas mais marcantes do cinema moderno, O Lobo de Wall Street conta com um elenco de apoio de alto nível. Matthew McConaughey, interprete do mentor de Belfort (Mark Hanna), tem uma presença pequena no início, mas crucial para todo o filme. É ele quem incursa o personagem de DiCaprio no mundo da luxúria, inclusive potencializando a ambição do então jovem corretor da Bolsa de Valores.

E tem também Jonah Hill, mais conhecido por filmes de comédia e que surpreende em O Lobo de Wall Street. Apesar de caricato – como grande parte dos personagens da produção –, seu Donnie Azoff (amigo de Belfort e um dos fundadores da Stratton Oakmont, empresa de corretagem de “ações tostão”) funciona muito bem na trama – assim como todos os demais amigos de Belfort.

Mas O Lobo de Wall Street não é para estômagos fracos: o excesso de drogas e sexo pode assustar os mais incautos. No Twitter, li diversos relatos de pessoas que saíram da sala de cinema por não aguentarem isso. E, na sessão que fui, pude perceber isso. Um casal, talvez por não saber do que se tratava o filme, saiu da sala com menos de uma hora de exibição. Perderam um dos melhores filmes do ano.

PS: as narrações em off e as falas de Leonardo DiCaprio direcionadas diretamente para a câmera (como faz Kevin Spacey em House of Cards), dão um tom especial para o filme.

PS 2: Já disse que a atuação de DiCaprio está espetacular? Os concorrentes são fortes, mas não seria um absurdo se ele recebesse um Oscar.

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