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Publicado: Quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Jogos Vorazes: Em Chamas

Jogos Vorazes: Em Chamas
Katniss e o broche de tordo: símbolos da revolução

Devo confessar que nunca havia assistido ao primeiro filme da franquia baseada nos livros da norte-americana Suzanne Collins, Jogos Vorazes – muito menos lido a obra. Depois de Crepúsculo, tudo que tem romance juvenil na descrição merece ser tratado com muita desconfiança. Talvez seja um preconceito bobo, mas a safra de filmes inspirados em publicações do gênero está aí como prova do receio.

Porém, com o lançamento do segundo filme da franquia – e os elogios tecidos pela crítica especializada – lá fui eu conferir a primeira obra. Achei a produção surpreendente boa, querendo assim assistir à continuação. E Jogos Vorazes: Em Chamas foi novamente uma grata surpresa. O filme consegue dosar o romance que leva as jovens garotas ao cinema com a profundidade da revolução eminente em Panem, país fictício da série.

Além de todo ar político da trama, o que dá ao filme mais densidade e carga dramática que os pífios romances juvenis atuais, Jogos Vorazes: Em Chamas conta com dois vencedores do Oscar em seu elenco: Philip Seymour Hoffman, Melhor Ator de 2005 por Capote, e a linda e versátil Jennifer Lawrence, que levou a estatueta de Melhor Atriz esse ano por O Lado Bom da Vida.

Lawrence interpreta no filme a jovem Katniss Everdeen, vencedora da 74ª edição dos Jogos Vorazes ao lado de Peeta Mellark (Josh Hutcherson). Os dois, junto com Gale Hawthorne (Liam Hemsworth), protagonizam um triângulo amoroso que serve unicamente para atrair a atenção do público adolescente feminino, e não como pano de fundo principal da trama. E isso foi o ponto crucial para tornar Em Chamas num bom filme.

A questão política do filme, com a revolução prestes a eclodir nos 12 distritos de Panem contra a capital opressora, é muito bem construída e interessante. A atuação de Donald Sutherland como o implacável e fascista presidente Snow é de tirar o chapéu. O elenco de apoio também merece destaque, principalmente Lenny Kravitz (interprete do estilista Cinna) e Woody Harrelson (que faz Haymitch Abernathy, mentor de Katniss e Peeta).

Além do romance para as “menininhas” e da revolução política para os mais “cults”, Jogos Vorazes: Em Chamas tem muita ação para agradar os marmanjos de plantão e faz uma grande crítica aos reality shows que são tão comuns atualmente. Ou seja, consegue reunir vários elementos num mesmo filme e assim atrair um público bem diverso. Ponto para o diretor Francis Lawrence, que trabalhou nos filmes Água para Elefantes e Eu Sou a Lenda.

Mas os grandes trunfos mesmo da obra são os “oscarizados” Philip Seymour Hoffman e Jennifer Lawrence. O ator veterano consegue impor o mesmo respeito de filmes mais “sérios” (como o próprio Capote e Magnólia) em um blockbuster infanto-juvenil, coisa que a jovem atriz também parece ter aprendido com destreza. Ela, que hoje é um dos grandes nomes de Hollywood, parece sempre acertar nos projetos que adentra.

No geral, Jogos Vorazes: Em Chamas pode ser considerado um dos grandes filmes de 2013 e merece ser visto por todos os públicos. Não levará Oscar, é claro, mas é uma adaptação de respeito. Por isso, faça como eu e deixe seu preconceito de lado: a produção não é uma bomba como Crepúsculo e outros do gênero.

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