Coisas do Divino Espírito Santo
SÃO FRANCISCO
Rotas as amarras
Que o prendiam
A terrenal vitória,
Viaja liberto, intocável, inconfundível, impalpável, desafiante,
Volátil, no tempo,
Imantando agulhas, orientando nortes,
Em movimento sutil, constante,
Incontido, alado e ascendente
De espiral constante,
Imanente !!! Transcendente ! . . .
Projetando-se inconfundivelmente
Em confronto de sua essência humana ,
Da rude crueza e dualidade ,
Da matéria consciente
Na soberana quanto soberba, inspirada e inspiradora
Sutileza e unicidade
De perene voo,
Planando espaços únicos, infinitos,
Nos imprevisíveis, evolutivos e incomensuráveis tempos,
Nas lutas intermináveis do espírito,
Transformador da matéria,
Transformando-se ele mesmo,
Mágica e conscientemente
Em “pomba de Paz”,
Fluindo, pairando, influindo, inspirando, fortificando,
Emergindo de si
Lúcida esperança de esplendorosa luz,
Sem pompa, falsa modéstia, gáudio infundado ou limite para impiedosa agrura,
Sem cortejo à falsa egocêntrica fortuna mundana,
Palmilhando descalço e em farrapos,
Intima e solitária amargura de cruz terrena,
Na serenidade confiante, plena, na cordura e no confronto,
Na ação vital e exemplar samaritana do amor sem fronteiras
E, no desafio destemido, determinado, do próprio esplendor do seu espírito.
Erasmo Figueira Chaves
(escrito em 6/9/1988 para a interpretativa “Escultura de São Francisco” de minha autoria, exposta temporariamente na Exposição da Biblioteca Municipal de Cabreúva.