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Publicado: Sábado, 28 de abril de 2012

Respirando água

Crédito: Divulgação Respirando água
Basta uma chuva e é isso: precisando de pintura

Se tem uma coisa que o litoral paulista é pródigo, essa coisa recebe o nome de umidade. Não é fácil. Praticamente não respiramos ar. É quase água.

Já estive no litoral norte e não me recordo de algo tão úmido assim. Na região metropolitana da Baixada Santista, de uma faixa que vai de Bertioga à Peruíbe, a umidade impera. E quanto mais ao sul, pior.

Lembro-me de ir com bastante frequência à casa de minha avó, na praia do Costão, em Peruíbe. A umidade por lá come tudo. É algo parecido com corrosão, uma colônia de cupins feita de água espalhada no ar que vai comendo desde livros até utensílios domésticos.

Sterilair em Peruíbe certamente trabalhará a milhão. Não tem como. A quantidade de fungos e outras bossas que se dão bem na umidade e no calor fazem a festa. Quem porventura sofre de problemas respiratórios ou ósseos, em lugares como esse, sofre mais.

Quem é da gema, em caso de mudança, sofre com o novo lugar onde se mora. Lembro do meu período em Belo Horizonte. Vindo de uma cidade natal onde a umidade do ar é perto de 85%, topar com 22%, 25% nos períodos mais secos nas Alterosas, além de sofrimento, era certamente botar sangue pelo nariz.

Quando lá morei chegava a pingar água na cavidade nasal, tamanho o desespero. Fui aconselhado a não ser tão fatalista e maluco com a secura, e passar a andar com soro no bolso, hidratando a região a cada 30 minutos.

Aqui é o contrário. Quem vem de lugar seco, quem vem do cerrado brasileiro, ou qualquer região mais seca, quase morre afogado. Isso sem contar a adaptação à nova vida: excessivo cuidado para que certos materiais não embolorem.

Sinusite e rinite aqui também é um evento. Ainda que Santos não tenha o ar tão poluído quanto à capital (o que eu duvido), chega uma hora que os fungos e outros microorganismos que se dão bem na umidade transformam o seio nasal numa tremenda rave.

Outra característica da região: pinturas de muros e áreas externas das residências são de seis em seis meses. É claro que os donos das casas, quando muito, fazem isso anualmente. Haja dinheiro para manter a pintura. Basta uma chuvinha que o limo já começa a esverdear tudo.

A alegria das lojas de tinta. Não é à toa que os turistas adoram o verão por aqui. Alta temperatura com umidade elevada amplifica a sensação térmica. No caso de um termômetro por essas bandas marcar 40ºC, certamente seu corpo experimentará uma temperatura de, no mínimo, 45ºC. Haja ânimo para fazer alguma coisa ao meio-dia.

Quem vem para ficar, já sabe: as guelras precisam estar funcionando que é uma beleza.

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