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Publicado: Segunda-feira, 1 de março de 2010

Trilhos ligarão Itu e Salto para sempre

Trilhos ligarão Itu e Salto para sempre
Fábio Grizoto e o Ministro Luiz Barretto

Sete quilômetros de dormentes sustentarão trilhos paralelos ao infinito e darão nova vida de alegrias, de romantismo, de aventura para as crianças e de lazer a duas cidades irmãs – Itu e Salto. A ligação ferroviária que proporcionará grande incremento turístico às duas cidades não será inaugurada no ano do IV Centenário de Itu como já foi prometido. Uma obra desse porte demora um pouco. São muitas as providências e estudos. Mas, o importante é que a idéia vingou e o empreendimento foi consolidado com a recente visita do Ministro do Turismo às duas cidade, momento em que abençoou o projeto e liberou verbas.

O abandono das ferrovias no Brasil foi uma lástima. Quantas cidades que dependiam do trem pararam no tempo. Abundante em energia elétrica, o País poderia ter, hoje, uma grande malha ferroviária que em muito contribuiria com a economia, com o escoamento das safras agrícolas, com o transporte de passageiros etc. Agora, com o compromisso de realizar uma Copa do Mundo de futebol e uma Olimpíada, só se fala em trem bala. Assim sendo, tudo indica, que a retomada de obras ferroviárias será inevitável e necessária para consolidar a infra-estrutura do setor do transporte.

O importante nesse complexo jogo de interesses é que um velho sonho da região se tornará realidade com o acréscimo de cerejas no bolo. Além da ferrovia propriamente dita poderemos ter, também, um museu da antiga Companhia Ituana de Estrada de Ferro. A ferrovia foi inaugurada em 17 de abril de 1873, um dia antes da realização da famosa reunião política que serviu de base à chamada Convenção Republicana de Itu, semente para a proclamação da república no país.

O projeto, segundo se estima, tem um orçamento da ordem de 10 milhões de Reais, pois, além da ferrovia, inclui, também, a restauração das estações de Itu e Salto. Dessa forma, Itu e Salto entrarão na linha dos trens turísticos que já ganharam trilhos em 22 regiões pelo País e avançam, cada vez mais, com suas Marias-Fumaças, barulhentas, soltando vapor, mostrando aos turistas paisagens inesquecíveis do interior e a força do progresso do qual foram legítimas representantes.

Alguns dos mais famosos roteiros de trens turísticos são o de Campinas-Jaguariúna, Paranapiacaba, em São Paulo, Campos do Jordão, São João Del Rey-Tiradentes, Trem das Águas, ambos em Minas Gerais, trem da Serra da Mantiqueira e outras linhas pelo Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul etc. Expansão maior esbarra na reduzidíssima oferta de trilhos que não são mais produzidos.

O primeiro passo burocrático e importante já foi dado pelo Ministro do Turismo, Luiz Barretto, em sua recente visita a Itu, quando anunciou a abertura de licitação para as obras que vão reconstruir a ligação ferroviária de 7 quilômetros entre Itu e Salto.

O Projeto e seu autor
 
Muito se tem falado do Trem da República. A imprensa tem noticiado. Mas, pronunciamentos confusos de autoridades deram a entender haver muitos “pais da criança” e que o trem já entraria em funcionamento rapidamente. Populares não entenderam, até agora, a importância turística desse trem e se perguntam: “Eu não quero ir para Salto. O trem vai também para a praia?” Outros pensam que o trem já existe, mas não sabem onde comprar passagens. Assim sendo, agora que o projeto esta consolidado seria importante a realização de uma série de palestras e propaganda oficial de como funcionará o trem.

Ninguém melhor para falar do assunto do que o verdadeiro autor do projeto, o turismólogo Fábio Luis Grizoto. Ele explica que o consórcio entre as prefeituras de Itu e Salto fará uma licitação para autorizar uma empresa concessionária construir a ferrovia, restaurar as estações e administrar o empreendimento com a manutenção das máquinas e vagões e do leito da estrada por um “x” número de anos.

Duas empresas já se interessaram pela operação e manutenção da Itu-Salto – a ABPF (Associação Brasileira da Preservação Ferroviária), de Campinas, e um empresário de Atibaia que trabalha no ramo.

Licitações para a obra, para a compra e possível restauração da Maria-Fumaça e vagões e, ainda, a obtenção do devido licenciamento ambiental, são tarefas que demandam tempo. O projeto de estudo do impacto ambiental para o licenciamento da obra pela Cetesb, por exemplo, só foi entregue em agosto de 2009, na agência de Itu e enviado a sede da empresa em São Paulo no dia 3 de setembro do ano passado. Agora, o processo Cetesb nº 107/2009 está em fase de avaliação para depois serem formadas comissões que estudarão o impacto em relação ao meio ambiente, à geologia e arqueologia da região. O alvará de licenciamento não é para já.

Agora é questão de tempo. Talvez uns dois anos e veremos novamente o “cavalo de ferro” soltando fumaça para ligar as duas cidades. Mas, no nosso ponto de vista é preciso dar valor e se reconhecer a brilhante idéia de quem tirou de um sonho, um projeto que se tornará concreto e de grande importância para a economia e para o turismo da região. Muitos outros projetos comerciais vão se agregar ao do Trem da República, muitos empregos serão gerados e as duas cidades ganharão prestígio e divulgação em âmbito nacional.

Fábio conta que quando estava no primeiro ano da faculdade de turismo, em 2005, teve a idéia. Logo procurou levantar informações e estudar o assunto. Ele foi participar de um congresso de preservação ferroviária no Rio de Janeiro, com o apoio do prefeito Herculano. Voltou encantado com o que viu e com o relacionamento que estabeleceu com diversas pessoas do setor. Até 2007 tudo parecia um sonho.

O jovem turismólogo foi tão contundente na defesa do projeto que influenciou até a construção do anel viário de Itu. Pediu e foi atendido na construção de um túnel no local por onde a rodovia deverá cruzar a ferrovia, o que abreviará o término da obra do trem.

Quando concluiu o curso do Ceunsp e se tornou Bacharel em Turismo seu trabalho de Monografia – TCC – teve o tema: “Trem da República: Itu e Salto, uma ligação através dos trilhos”. No trabalho, Fábio Grizoto faz um estudo do potencial turístico do empreendimento e sugere vários modelos de roteiros como, por exemplo: Do Varvito à Moutonnée; Do Museu da Energia à Usina de Lavras; Da Fábrica São Luiz à Brasital. Além di
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