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Publicado: Terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Bullying no local de trabalho

O Bullying no local de trabalho
Quem tem mais poder?

Diferente do que se imagina, a prática do bullying não ocorre somente dentro das salas de aulas. Também não acontece somente entre alunos: os mais populares e os nerds; ou entre os maiores e os menores.

A prática do bullying, esse comportamento tão eficaz e destrutivo da nossa auto-estima, está presente também entre adultos em seus locais de trabalho. Com pouquíssimas diferenças nas suas definições e muita semelhança nas suas consequências, o bullying no local de trabalho pode se tornar um grande pesadelo para muitas pessoas.

O bullying no local de trabalho pode ser definido como: “A exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego".

Margarida Maria Silveira Barreto (2000), Médica do Trabalho

O bullying no local de trabalho frequentemente envolve o abuso ou mau uso do poder. A prática do Bullying inclui comportamentos que intimidam, denigrem, ofendem ou humilham um trabalhador, normalmente na frente de outras pessoas.  A prática do bullying cria sentimentos de impotência no alvo e minimiza o direito do indivíduo à dignidade no trabalho.

È importante lembrar que a prática do bullying é diferente da agressão. Enquanto a agressão pode significar um ato isolado, a prática do bullying requer ataques repetitivos contra o alvo, criando um padrão de comportamento que nunca se acaba.

Outro ponto importante a ser levado em consideração é que chefes “durões” ou “exigentes” não são necessariamente bullies/agressores, uma vez que suas motivações principais são conseguir o melhor desempenho de seus funcionários.

Além disso, muitas situações de bullying envolvem funcionários agredindo seus próprios colegas, ao invés de um supervisor ou chefe intimidando um funcionário.

É muito interessante notar que a prática do bullying no local de trabalho é frequenetemente dirigida a alguém de quem o agressor tem medo. O alvo muitas vezes nem percebe que está sendo agredido porque o comportamento pode ser camuflado através de críticas triviais e ações isoladas que ocorrem atrás de portas fechadas. 

Alguns exemplos de comportamentos de bullying no local de trabalho:

• Críticas não cabíveis
• Culpar o funcionário sem uma justificativa real
• Ser tratado de forma diferente da sua equipe de trabalho
• Ser alvo de chingamentos
• Ser excluído ou isolado socialmente
• Ser alvo de gritos ou ser humilhado
• Ser alvo de piadas
• Ser constantemente e excessivamente vigiado

Alguns fatores que aumentam o risco da prática do Bullying no trabalho:

• Mudanças organizacionais significativas, tais como: reestruturação interna expressiva, mudanças tecnológicas
• Características do trabalhador: idade, gênero, estado civil, estagiário ou efetivo
• Relacionamentos no local de trabalho: disseminação inadequada de informações entre setores diferentes, falta de participação dos funcionários nas tomadas de decisões
• Sistema de trabalho: falta de regras sobre comportamentos no local de trabalho, alta taxa de intensidade de trabalho, conflitos interpessoais, limites organizacionais, ambigüidade da definição de cargos, conflitos na definição de papéis dentro da empresa.

Como a prática do Bullying no local de trabalho afeta as pessoas:

Alvos da prática do bullying vivenciam sérios problemas físicos e mentais:

• Alto stress; desordem de stress pós-traumático
• Problemas financeiros causados por faltas
• Baixa auto-estima
• Problemas musculares
• Fobias
• Dificuldades para dormir
• Alto índice de depressão/auto-acusação
• Problemas de ordem digestiva/alimentar

Como a prática do Bullying afeta as empresas:

Cada uma das consequências citadas acima pode ter um custo muito alto para uma empresa. Os custos da prática do bullying geralmente se encaixam em três categorias:

1. Recontratação de funcionários que saem por serem alvos de bullying.
2. Tempo gasto na resolução de conflitos causados pela prática do bullying: energia é dirigida a assuntos que não dizem respeito à produtividade no trabalho. 
3. Gastos relacionados à investigação da prática do bullying e potenciais processos trabalhistas.

Os Bullies/agressores não administram boas empresas; a rotatividade dos funcionários e faltas justificadas com licenças médicas sempre serão altas enquanto a produtividade e motivação serão baixas. O stress, depressão e problemas de saúde acarretarão em horas fora do local de trabalho que custam caro quando comparados à perda de produtividade e compensação de horas perdidas.

Os problemas de saúde vivenciados por vítimas de bullying no local de trabalho ocasionam uma sensação de solidão e tristeza entre os funcionários. Baixa auto-estima e um ambiente organizacional negativo oprimem a criatividade e esmagam as habilidades das pessoas responderem satisfatoriamente a situações difíceis e de desafios nas empresas.

A quebra da confiança em um ambiente aonde existe a prática do bullying pode significar que os funcionários não serão capazes de contribuir com o seu melhor desempenho ou dar idéias novas de melhorias ou opiniões sobre fracassos que poderiam ser revertidos de maneira aberta e honesta.

O que pode ser feito? Aqui vão algumas dicas do que fazer

Funcionários:

Retome o controle da situação!

• Reconheça que você está sendo alvo de bullying
• Reconheça que você NÂO é o causador do problema.
• Reconheça que a prática do bullying tem a ver com controle e, portanto, não tem nada a ver com o seu desempenho no trabalho.

Tome uma atitude! 

• Faça anotações em um diário detalhando a natureza da prática do bullying: datas, horários, locais, o que foi dito ou feito e quem estava presente.
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