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Publicado: Sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Reflexão: Recursos Hídricos e Co-responsabilidade

Reflexão: Recursos Hídricos e Co-responsabilidade

Há tempos que o Meio Ambiente virou assunto fácil nos diferentes meios de difusão de informações. Desde rodas de amigos até jornais de grande circulação diária, é difícil não encontrar alguma referência ao tema.

Tal preocupação, ou atenção, não é por acaso. Já há tempos que problemas como o aquecimento do planeta, a extinção de espécies ou a poluição, deixaram de ser assunto de eco-chatos e deveriam ter ganhado tal dedicação. Os indicadores ambientais, de diversos institutos reconhecidos internacionalmente (IBGE e PNUD são só alguns que podem ser citados) indicam resultados alarmantes, e cada vez mais significativos, a cada nova publicação.

É fato também, que na mesma proporção que parecem crescer as agressões ao Meio Ambiente, crescem também as iniciativas de combate a práticas nocivas e o incentivo a práticas mais seguras e respeitosas. Tais práticas surgem em todas as esferas da sociedade, desde o setor industrial, grande vilão ambiental no imaginário popular (com certa razão é verdade), que busca incessantemente novas e melhores tecnologias de produção, até pessoas comuns, que, preocupadas, separam os resíduos e economizam água em suas casas.

A água, aliás, é um dos recursos naturais mais vulneráveis as ações humanas praticadas nos últimos séculos. Seja pela sua capacidade fenomenal de dissolver praticamente tudo o que encontra pela frente ou pela sua limitada oferta, o fato é que ela já falta, em quantidade ou qualidade, para bilhões de pessoas e deverá faltar para outros bilhões nos próximos anos se nada mudar.

A situação do interior de São Paulo, mais especificamente da região que compreende o eixo Sorocaba – Campinas – Jundiaí – Piracicaba vive uma dinâmica semelhante àquela encontrada em boa parte do mundo “em desenvolvimento”.

De forma genérica, no que diz respeito ao uso da água, são várias as pesquisas que demonstram que 70% são destinados a agropecuária, cerca de 20% para a indústria e os outros 10% para domicílios e comércios.

Diante disso e da baixa oferta de água, perante a demanda, seria natural que a busca por melhores práticas de uso, tendessem para atender a maior demanda, agropecuária. Entretanto, isso é o que menos vemos acontecer por aqui.

Ao passo em que as Escolas passam a abordar cada vez mais cedo assuntos ambientais, particularmente água, que as pessoas passam a usar mais racionalmente esse recurso e que a indústria se mobiliza para melhorar suas práticas nesse sentido, pouco, ou nada se vê de mobilização no agronegócio.

Talvez essa falta de iniciativas, que promovam melhores usos para a água nas atividades agropecuárias, seja o grande ponto negativo na história recente, de conhecimento sobre a escassez e tentativa de solução de um já deflagrado e sério problema.

Entretanto, vale lembrar que o mau uso da água não está restrito ao setor agropecuário. Há ainda um enorme desperdício, tanto durante o abastecimento, quanto no uso, também no setor industrial e nas residências.

No que diz respeito ao abastecimento, são comuns nas cidades brasileiras, perdas da ordem de 40% de água tratada, por conta de vazamentos na rede. Quanto ao uso, grande parte da água que volta ao tratamento ou ao meio ambiente na forma de esgotos, poderia ser reutilizada, e principalmente, poderia ter sido utilizada em menor quantidade.

Na tentativa de melhorar a situação, a indústria tem se mobilizado, a partir da consciência de sua participação e importância nessa problemática. É certo, que isso se deve um pouco pelo fato de que a imensa maioria dos processos industriais depende da água, um pouco pela fiscalização e cobrança ($$$) que tem aumentado, mas um pouco também pelo interesse do setor em contribuir com a questão, visto a sua importância.

Para exemplificar, podemos citar as chamadas tecnologias limpas de produção, que não param de surgir, possibilitando o uso de processos com menor demanda por água e também o reuso dela, após tratamento, no mesmo ou em outros processos.

Além disso, recentemente foi criada uma Câmara Técnica em um dos principais comitês de bacias hidrográficas do Estado, o PCJ, especialmente para discutir a questão da água na indústria, com representantes da sociedade civil, do poder público e de importantes representações da indústria.

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