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Publicado: Quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Que Luta!

Amigos, faz tempo... Peço desculpas pelo tempo entre o último artigo publicado e este novo. Inúmeras atividades me privaram deste prazer.
 
O Criatório Quinto Dia tem se engajado na luta pela preservação de nossas aves, porém confesso que nos últimos dias o tempo tem sido gasto com atividades administrativas. Nosso hobby ou atividade é regido por normas rígidas e necessárias, porém algumas vezes abusivas e "subjetivas".
 
O IBAMA nos últimos tempos têm exercido uma das atividades que a muito deveria ter começado - A FISCALIZAÇÃO. OK. É preciso fiscalizar sim, afinal CRIAR É LEGAL e todas as atividades dos criadores precisam ser fiscalizadas. (em todas as áreas e camadas de nossa sociedade existem bons e maus brasileiros. - os maus devem ser perseguidos e os bons exaltados!).
 
Gostaria de ver o IBAMA respondendo às mais de 10 mil solicitações de inclusão de animais na famosa lista de animais que poderão ser criados comercialmente. Ou parafraseando: "Lista de animais que serão salvos da extinção". Mas duvido que, sem uma ação judicial, o IBAMA irá responder aos nossos questionamentos. Aliás, gostaria de ver o IBAMA facilitando a criação comercial de animais como forma de preservação, de geração de riquezas para o criador empreendedor e para o Brasil.
Gostaria de ver o IBAMA explicando o motivo pelo qual o cadastramento de novos criadores amadores continua "bloqueado" sob o falso motivo de manutenção no SISPASS - Sistema de Gestão das atividades de criação amadora. Aliás, gostaria de ver o IBAMA enfim liberando o cadastramento de novos criadores.
 
Gostaria de ver os traficantes de animais sendo fiscalizados e presos, de ver as feiras onde animais de nossa fauna são vendidos de forma aberta sendo destruídas e não voltando mais a "operar"... Mas somente vejo alguns funcionários do IBAMA agindo de forma sistemática contra a criação legalizada.
 
Gostaria de ver o IBAMA respeitar a constituição federal e incentivar a criação de animais de forma legalizada. Seguindo uma lei de nossa constituição e uma recomendação direta da CPI do tráfico de animais que emitiu um relatório onde os parlamentares apontavam a criação em cativeiro, legalizada, como forma eficaz de combate ao tráfico de animais.
 
Enfim, tenho muitos sonhos e um deles é ver o Brasil um país mais justo e inteligente. Onde os políticos defendam os interesses de quem os elegeu, onde os funcionários públicos exerçam suas atividades de acordo com as leis vigentes, onde as instituições públicas não sejam utilizadas como fonte de benefícios políticos e financeiros e, principalmente, onde a população busque esclarecimento e informação.
 
Hoje tudo que se fala sobre criação de animais nativos do Brasil é contrário ao desenvolvimento sustentável das atividades de preservação. Mas o povo aceita e se acomoda.
 
Abaixo transcrevo uma carta redigida em Jundiaí - SP no dia 01/11/2008 que fala sobre a indignação de toda uma classe que gera receita, empregos e impostos para o Brasil:
 
Carta de Jundiaí 
“Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra”.
 
Pero Vaz de Caminha
Desde o longínquo 1º de Maio de 1500, nas areias de Porto Seguro, quando Pero Vaz de Caminha sentou-se a escrever as notícias da terra nova, a beleza da fauna brasileira desperta a admiração do homem ocidental.
 
Antes do conquistador, em datas imemoriais, o próprio indígena dedicava-se ao culto dessas espécies, não apenas em adornos, mas utilizando-as como animais de companhia. SPIX e MARTIUS, em suas incursões pelo sertão brasileiro, no início do Século XIX, eram testemunhas oculares dessa cultura e anotaram, enquanto viajavam pelo Vale do Mucuri: “Encontra-se freqüentemente o mutum domesticado nas casas dos índios” (Viagem pelo brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981, v. II, p. 65).
 
O brasileiro contemporâneo é culturalmente herdeiro dessa tradição.
 
A Constituição de 1988 não poderia trair a herança cultural do brasileiro contemporâneo. E, de fato, o constituinte não apenas soube respeitá-la, como, em seu peculiar refinamento, vislumbrou aspectos ambientalmente desejáveis na criação de espécies da fauna nativa. Daí estipular seu art. 225: “incumbe ao Poder Público: [...] prover o manejo ecológico das espécies”.
 
Na atualidade, vários setores da sociedade organizam-se e buscam, com muita dificuldade, dar cumprimento a essa vontade do constituinte. Enquanto diversos ecossistemas são degradados pela ação incessante das motosserras e dos pesticidas, uma parcela de brasileiros e de brasileiras atua anonimamente, no interior de suas casas e de seus ambientes de trabalho, para decifrar os hábitos alimentares de espécies da fauna nativa, para identificar as características de seu comportamento e, sobretudo, para descortinar a forma de seu acasalamento.
 
Esse trabalho tem produzido resultados. Há inúmeras espécies de psitacídeos que podem ser poupadas da extinção porque o homem hoje domina as técnicas de sua reprodução ex situ. O mesmo acontece com quelônios, passeriformes, serpentes, primatas, felídeos, falconiformes e outras espécies, que são proficuamente reproduzidas em criatórios legalizados por todo o País.
 
Mas nem tudo são flores para esses criadores.
 
Numa absoluta inversão de valores, a entidade estatal - o IBAMA - que deveria primar por garantir que a fauna nativa seja poupada da extinção vem,
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