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Publicado: Quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Duas décadas de Mountain Bike no Brasil

Crédito: Revista Bici Sport Duas décadas de Mountain Bike no Brasil
Ravelli (esq) e "Dil" lider do pelotão (dir)
Não se sabe ao certo a data em que a modalidade ciclística mountain bike começou a ser praticada aqui no Brasil. Os únicos registros oficiais são as datas que foram organizadas as primeiras competições em terras brasileiras, isso bem depois da metade da década de 80, mas uma coisa é certa, alguns ituanos já praticavam algo parecido e não demorou muito para entrarmos de vez nesta onda.
 
A ditadura estava chegando ao fim, a importação ainda continuava proibida por lei no Brasil. Enquanto Estados Unidos e Europa já descobriam o prazer de pedalar com bicicletas específicas para a modalidade, isso desde o inicio dos anos 80, aqui nós ainda estávamos na febre das bicicletas tipo bicicross, com aros 20 ou 24. Os modelos, Extra Ligth da marca Caloi montadas com peças de alumínio, era o que tínhamos de melhor por aqui.
 
No ano de 1986 a Caloi lançou o modelo Cruiser Ligth em aro 26, com peças de alumínio e com marchas. Essa tipo de bicicleta veio para mudar o conceito de bicicleta no Brasil. Por ter um visual robusto e também por ter marchas ela começou a ser usada para pedalar em estradas de terra e percorrer longas distâncias, o que já era feito por vários ituanos, só que com bicicletas de aros 20 ou 24 e sem marchas.
 
Um dos primeiros ituanos a ter uma Cruiser Ligth foi o “Zuzo” do SAAE que junto com Fernando Pacheco “Chumbo”, Valdir Fernandes “Dil”, Geraldo Tretell “Gerinha” e Willian Abreu, foram um pouco mais além, se aventurarando em algumas viagens de bicicleta, o que depois viria a se denominar cicloturismo. Foram eles também um dos primeiros a participar das primeiras competições de mountain bike nacional.
 
Neste mesmo ano, foi lançada pela Editora Pinus a revista BiciSport, com edições bimestrais e foco principal na bicicleta, divulgando o bicicross, o freestyle, o ciclismo de estrada, mostrando novidades e incentivando muitos ao uso da bicicleta, como meio de transporte, esporte e lazer. Em Itu o sucesso da revista foi tão grande que em menos de uma semana os exemplares da revista se esgotavam.
 
Em 1987 a partir da edição de nº 11, a revista BiciSport começou a divulgar expedições off road, feitas por um grupo de amigos, utilizando modelos Cruisers em suas viagens pelo Estado de São Paulo. Com a popularização dos modelos off road, muitos bikers começaram a abandonar os aros 20 e 24 e partiram para as bikes aros 26, levando a técnica e o arrojo das pistas de bicicross para as trilhas e estradas de terra brasileiras. Nascia ai o nosso mountain bike e também uma nova paixão nacional.
 
Os primeiros ciclistas de montanha brasileiros vieram do Rio de Janeiro e lançaram-se nas trilhas cariocas com bicicletas importadas e desenvolvidas especificamente para o mountain bike. O espírito competitivo trazido das pistas de bicicross e motocross, levou este grupo a realizar no início de 1988 a 1ª Competição oficial de mountain bike nacional, na cidade de Paraíba do Sul a 135 Km do Rio de Janeiro.
 
O mountain bike paulista começou em julho do mesmo ano, com o Cruiser das Montanhas de Campos de Jordão, onde a Caloi lançou a Mountain Bike 15, um modelo melhorado das cruiser.
Mas ainda anos luz de distância das bikes gringas.
 
Aqui, ou improvisava, ou usava-se o que tinha no limitado mercado nacional, ou então infringia a lei e comprava uma mountain bike importada, o que era uma raridade, ainda mais em uma cidade do interior. Mesmo assim nos mantínhamos atualizados e alguns ciclistas já começavam a participar das competições.
 
No ano seguinte as competições aumentaram e nossos resultados começaram a ser destaques na revista BiciSport, como no I Campeonato Brasileiro de Mountain Bike, 2ª etapa, e registrado na edição nº 17 de Outubro de 89, pág. 32: “Valdir Fernandes de Itu , fez o impossível, só possível neste circuito; chegou em 9º na geral com uma bmx aro 20, empurrando em todas as subidas. O cara corre!”. Também é destaque na pág. 48 da mesma edição o ciclista ituano William Abreu conquistando o disputado 3º lugar, da 3ª Etapa da Copa Halls/Schick de Mountain Bike: “Ninguém deu muita atenção a William Abreu Itu/Macrodiesel, mas ele vinha vindo brigando com Marcelo Santucci e Roberto Ambrosi. Renata Falzoni não sabia muito bem o que dizer do desconhecido William Abreu, que volta a volta firmava sua ótima corrida”.
 
Nesta mesma edição da revista o destaque principal vai para o atleta brasileiro Eduardo Ramires com a conquista do Titulo Mundial de Mountain Bike disputado na Califórnia e que veio a firmar de vez o início da modalidade mountain bike no Brasil.
 
Nossos destaques continuaram em 1990, na edição de nº 19 da revista BiciSport. Novamente o ituano Valdir Fernandes é citado em matéria sobre a 4ª etapa da Copa Hall’s/Schick de Mountain Bike, disputada em Atibaia: “Valdir Fernandes ‘Dil’ também surpreendia: ‘Oswaldão só me pegou no subidão. (Você faz atletismo? Perguntou Cleber) Não, só Trabalho. Se me der uma mountain bike, eu ando um milhão’. Detalhes: 8º na geral e de aro 20! Do lado dele, Geraldo Trettel, outro ituano de aro 20 a barbarizar nesta e noutras corridas”.
 
Em 1991 com o lançamento do modelo Aluminium da Caloi e mais facilidades de importação de peças e equipamentos, surgiu mais um nome no ciclismo ituano. Marcio Ravelli, “Ravelli” como é chamado nos dias atuais. Em seu primeiro ano de competição sagrou-se campeão brasileiro na categoria cadete conseguindo tempos inferiores ao quinto colocado da categoria elite, surpreendendo todos com sua técnica e resistência, apesar da simplicidade de seu equipamento. A partir daí, o nome da cidade veio a se firmar de vez na história do mountain bike nacional. Com a passagem do atleta para a categoria elite, o apoio de patroc&
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