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Publicado: Quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Cansados

Estamos cansados: da corrupção, das desigualdades, das taxas altas de impostos.


Estamos cansados: do descaso, do engano, do medo e da possível opressão. Estamos irados sim, pois não sentimo-nos representados no âmbito governamental.


Estamos cansados, mas ainda não mudamos as pequenas coisas que devem ser mudadas: a fila que furamos quando estamos com pressa; o troco que o caixa acidentalmente nos entregou a mais; as piadas machistas, racistas, homofóbicas; a velha frase que mulher não sabe dirigir; a piada com o ônibus dos trabalhadores rurais que iniciam o processo do alimento que vêm à nossa mesa; entre tantas outras coisas corriqueiras do dia a dia que parecem pequenas mas em determinado momento podem ser o estopim para uma discussão.


Estamos, estamos, estamos... Proferimos tantos verbos na primeira pessoa, mas não temos nos atentado ao piloto automático que a nossa vida tem se tornado. Queremos a mudança no outro, em nós, nunca! O que temos feito de errado? O que tem nos impedido de evoluir? Como uma briga por determinado candidato pode nos fazer mais fortes e representados quando nem de nossa saúde mental e física conseguimos cuidar com a verdadeira preocupação?


Quando não se usa o espelho em si próprio atacamos a individualidade do outro. Quando atacamos a individualidade do outro acabamos por nos enfraquecer diante de um governo que almeja nos dividir em suas ideologias enquanto no futuro, eles se juntarão para o nosso descaso. Vagas em creches, planos da educação e saúde, utilização de nossos recursos naturais, perca de direitos trabalhistas, todos aprovados à surdina! É isso que realmente almejamos para os nossos filhos?

Não abordarei política ou as minhas ideologias. Abordarei a nossa consciência! Somos dignos de tantos discursos enquanto formos tão corruptos como eles? Somos dignos quando erguemos a voz contra outro ser humano, independentemente de sua raça, religião, idade, sexualidade? Onde estamos a levar o mundo? O que as escolhas individuais podem atrapalhar a nossa própria vida? Por que apenas a nossa religião e ideologias salvarão?

Ambos os lados têm sido extremistas. Estamos olhando para fora. Chega a hora de repararmos em nosso interior, dar vazão àquela criança do primário que via o seu colega sem julgá-lo ou apedrejá-lo e, se um conflito acontecesse, o chamaria novamente para brincar em questão de minutos.

Como construiremos um novo governo? Através da união do povo – sem distinções – no grande parque da vida, nas ruas, no Congresso, lutando para o bem geral da nação. Você é contra o termo “minorias”? Eu também sou, pois acredito que somos todos irmãos, entretanto, este termo foi estabelecido pois nunca houve a verdadeira incorporação na “maioria”, não é de se pensar? A demarcação indígena – direito estipulado na Constituição – nunca foi realizada, mulheres recebem salários inferiores aos de homens, o Brasil é o país que mais mata a população LGBT, os negros tem a maior porcentagem das prisões, pais de família exercem funções insalubres ganhando salários ridículos comparados ao de deputados e senadores. Não temos que nos unir e extinguir tais diferenças? Essa dissolução só ocorrerá quando criarmos um povo único, sem diferenças a nenhum gênero.

Somos nós que elegemos, nós que pagamos seus altos salários e benefícios, quem deve satisfações a quem?

Como construiremos um novo sistema eleitoral? Quando nos reconstruirmos individualmente, espelhando as dificuldades do próximo a nós mesmos, apertando as mãos e partindo para a luta.

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