Colunistas

Publicado: Sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Dia do Soldado - Os Ituanos na Guerra do Paraguai

Crédito: Imagens Google Dia do Soldado - Os Ituanos na Guerra do Paraguai

Já passa de 150 anos, o tempo em que Solano López declarou guerra contra o império brasileiro.

O jornalista especializado em fatos históricos Moacir Assunção busca em seus estudos desfazer as lendas desse que foi o maior e mais sangrento conflito da história brasileira e que ocorreu entre 1864 e 1870.

O historiador busca incansavelmente documentos e registros históricos do conflito e relata não conseguir acessar os documentos do Exército Brasileiro, que após 150 anos ainda não os tornou público, diferentemente de Argentina e Uruguai, que juntamente com o Brasil formaram a tríplice aliança, para combater o Paraguai e que já divulgaram todos os seus documentos acerca do conflito. Chega a acreditar que tais documentos não existem em nosso país ou estão muito bem escondidos.

No seu livro “Nem heróis, nem vilões”, Assunção entrevista a bisneta de Solano Lòpez e intelectuais lopistas e anti-lopistas. Defende que a fome e as doenças mataram muito mais gente que o próprio conflito, e que eventuais documentos da época que existam em poder do governo brasileiro, devem ser devolvidos ao Paraguai, seguindo o ato do governo brasileiro que em 1943 perdoou a dívida do país vizinho e em 1981 devolveu os arquivos em nosso poder, chamados de “coleção Rio Branco”.

O país vizinho, hoje nosso parceiro comercial no Mercosul, solicita a devolução do canhão “El Cristiano” (o cristão, em português), uma peça de 12 toneladas, exposto no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. A peça foi fundida com o metal retirado dos sinos das igrejas da capital Paraguaia e usado durante dois anos para conter o avanço das tropas aliadas sobre Assunção.

O Paraguai é ainda o segundo país onde existem mais brasileiros morando fora do Brasil.

O escritor afirma ainda que não existe consenso entre os historiadores sobre os motivos que levaram Solano Lòpez a declarar a guerra. Assunção acredita que o paraguaio achou que o Brasil tinha intenções de invadir o seu país e o Uruguai.

Aparentemente, o início de tudo foi a invasão do Uruguai por tropas brasileiras em 1864, para depor o líder Aguirre, o que descontentou Solano López.

O confronto que iniciou em 13 de dezembro de 1864 terminou somente em março de 1870 com a morte do líder paraguaio. As consequências foram nefastas para o país vizinho que, além de ser saqueado, ter a população dizimada e toda infraestrutura destruída, ainda teve que pagar uma dívida de guerra ao Brasil até 1943.

O bravo povo ituano, que participou ativamente dos principais fatos histórico do nosso Brasil, não se omitiu nesse momento de grande tensão e dor. Muitos se alistaram voluntariamente para lutar no Paraguai. O Exército Brasileiro surgiu em 1822 e o glorioso Regimento Deodoro de Itu apenas em 1918.

Na busca por heróis ituanos que lutaram no Paraguai, mais uma vez recorri aos escritos de nosso grande historiador Francisco Nardy Filho, desta vez no livro “A Cidade de Itu: cronologia ituana.”, de onde retirei o texto a seguir:

“Em sessão de 25 de janeiro de 1865 a Câmara Municipal de Itu deliberou publicar edital convidando voluntários para a guerra do Paraguai. Os que se apresentaram e seguiram para São Paulo, a fim de se alistarem no Sétimo Batalhão de Voluntários Paulistas foram: Diogo de Barros, Ângelo Custódio de Moraes, Castro Andrade, Francisco Duarte, Francisco de Paula Pereira Mendes Matos, Pedro Machado e Antônio Nardy Junior. O Dr. Joaquim de Paula Sousa também seguiu a fim de prestar seus serviços médicos. Despois destes que foram os primeiros, muitos e muitos outros ituanos se alistaram e para lá seguiram.”

“Em Setembro de 1866, por intermédio da Câmara, o povo ituano enviou aos soldados paulistas que lá heroicamente lutavam, 52 quilos de fios de linhos, diversas caixas com doces e 150 milheiros de cigarros; depois desta outras partidas de doces, cigarros e fios foram enviadas aos nossos soldados, não tendo o povo deixado de auxiliá-los também pecuniariamente. O presidente da Câmara, Braz Carneiro Leão, muito se esforçou nesse patriótico fim.”

 

Fontes consultadas:

G1 – Distrito Federal em 13/12/2014 – Disponível em http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2014/12/historiador-diz-que-arquivos-secretos-da-guerra-do-paraguai-sao-miticos.html

Nardy Filho, Francisco – A Cidade de Itu: cronologia ituana / Francisco Nardy Filho, atualização ortográfica Scarpin Ângelo Zini – 2. Ed. – Itu: Ottoni Editora, 2000

Agradecimentos:

Cabo do Exército Brasileiro Eduardo Augusto Souza Martins, lotado no Regimento Deodoro de Itu

Comentários